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BR Distribuidora foi "retribuição" a Cerveró, diz delator

Cerveró foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin


	Lava Jato: Cerveró foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

Lava Jato: Cerveró foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 09h24.

São Paulo - O lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse, em acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato, ter ouvido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi indicado para a diretoria financeira da BR Distribuidora por ter ajudado o Grupo Schahin a obter contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000. Auditoria da estatal constatou irregularidade nesse negócio.

Baiano diz que procurou Bumlai - preso na semana passada pela Polícia Federal -, entre fim de 2007 e início de 2008, com pedido de ajuda para manter Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobras, cargo que ele ocupava desde 2003.

A articulação fracassou, mas, na mesma época, ele disse ter recebido um telefonema do pecuarista no qual Bumlai afirmou estar no Palácio da Alvorada, onde teria conversado com o então presidente Lula sobre o assunto. Na conversa, Bumlai lhe informou da indicação de Cerveró para a BR Distribuidora.

"José Carlos Bumlai telefonou para o depoente e disse-lhe que estava em Brasília, ressaltando que tinha conversado com Lula e que não tinha mais como manter Nestor Cerveró na Diretoria Internacional", relatam os investigadores da Lava Jato a partir do depoimento de Baiano.

"Na mesma ocasião, Bumlai informou que, em razão da ajuda de Cerveró na contratação do Grupo Schahin para operação do navio-sonda Vitória 10.000, ele havia sido indicado para o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora" - cargo que ele ocupou de 2008 a 2014.

Cerveró negociou a contratação da Schahin para operar o navio-sonda Vitória 10.000, quando era diretor de Internacional da Petrobras, por US$ 1,5 bilhão. Auditoria interna da estatal, concluída em maio, confirmou que houve direcionamento indevido na contratação da empresa.

O negócio seria uma compensação por empréstimo de R$ 12 milhões do Banco Schahin a Bumlai que teria como destino final o PT.

Segundo Baiano, ele e Bumlai acertaram pagamento de US$ 5 milhões em propina a Cerveró e a dois ex-gerentes da estatal, pagos pela Schahin.

Contradição

Baiano também relata a articulação política feita por Bumlai para tentar manter Cerveró na Diretoria Internacional.

O pecuarista teria intermediado até uma conversa em 2007 entre o então diretor da Petrobras e o vice-presidente da República Michel Temer (PMDB), na época deputado.

À reportagem, Temer confirmou, via assessoria, o encontro com Cerveró em São Paulo e disse que a reunião foi intermediada por Bumlai. Temer relata que o ex-diretor estava buscando apoio para permanecer na estatal e diz ter afirmado a ele que "não poderia fazer nada".

De acordo com Temer, já havia uma indicação do então presidente do PMDB de Minas, Fernando Diniz, morto em 2009, para nomear o engenheiro Jorge Zelada para o cargo, o que acabou ocorrendo. Zelada também foi preso pela Lava Jato.

A informação de Temer contradiz o depoimento do pecuarista à força-tarefa. Na segunda-feira, ele disse à PF que não se dedicou a ajudar na manutenção de Cerveró no cargo.

A articulação para manter Cerveró no cargo, relata Baiano, começou quando ele soube de "pressões muito fortes" para sua demissão.

O lobista afirmou que o pecuarista lhe disse ter conversado com Lula, mas não poderia interferir no assunto pois a Diretoria Internacional tinha sido prometida à bancada mineira do PMDB na Câmara. Procurado pela reportagem, o Instituto Lula afirmou que não iria comentar o assunto. 

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