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Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h57.
São Paulo – Os motoristas que hoje percorrem os cerca de 200 quilômetros que separam Goiânia de Brasília não têm muito do que reclamar, considerando o triste universo das estradas brasileiras. De asfalto bom, o trecho da BR-060 que foi a leilão nesta quarta é uma espécie de filé mignon - do ponto de vista de investimentos necessários - para o consórcio Triunfo Participações, vencedor da concessão desta quarta. Ela já é inteiramente duplicada desde 2007.
O edital prevê uma vida não muito fácil para o consórcio: ele terá de duplicar 647,8 quilômetros de vias. O grosso disso, no entanto, ficará para as outras rodovias também licitadas no pacote da 060, as BR-153 (GO-MG) e 262 (MG). O trecho agora de responsabilidade da Triunfo soma 1.176 quilômetros.
Assim, o consórcio deve se beneficiar de uma estrada de grande fluxo, importância econômica (veja mais detalhes ao final) e com duas pistas em cada sentido, mas que mantém ainda hoje índice de mortes elevado.
Na altura do Distrito Federal, as pistas já foram fechadas algumas vezes por moradores de cidades nas margens da via pedindo mais condições de segurança.
Somados os números do DF e Goiás, foram 100 mortes em 2012, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em um total de 2.406 acidentes. Esta conta, no entanto, inclui trecho em Goiás que não está entre as duas cidades.
Quem talvez não fique muito satisfeito com o leilão são os motoristas que fazem o trajeto com alguma constância, já que ele passará a pagar dois pedágios depois que mais de 10% das obras previstas no edital (para todo o pedaço licitado, não só para a BR-060) estiverem concluídas.
Na plataforma de mobilização social Avaaz, uma pessoa tentou no ano passado fazer pressão para que o governo não concedesse a rodovia à iniciativa privada, alegando que ela já era duplicada. Não conseguiu muito apoio: foram apenas 87 assinaturas de um total de 10 mil esperadas.
Economia
A BR-060 passa por uma região que vem ganhando projeção econômica e crescendo a olhos vistos nos últimos anos. A cidade de Anápolis, por exemplo, é um dos mais importantes polos agroindustriais do Centro-Oeste. Para ficar em poucos exemplos, Hyundai, Hypermarcas e Ambev têm fábricas por lá.
A cidade também é ligada ao Porto de Santos por uma ferrovia.
O valor do pedágio pago pelos motoristas na BR-060 será de no máximo R$ 2,85 para cada 100 quilômetros. Este foi o preço, com deságio de 52% em relação ao teto de R$ 5,94, proposto pelo vencedor da licitação de hoje.