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Bombeiros fazem rescaldo de incêndio em Paraisópolis

Segundo os bombeiros, pelo menos 50 casas foram destruídas, mas ainda não há informações sobre vítimas ou sobre a causa do incêndio

Incêndio em Paraisópolis: "A situação no momento é de rescaldo. Estamos pegando pequenos focos que ainda estão acontecendo. É um local de difícil acesso" (Nacho Doce/Reuters)

Incêndio em Paraisópolis: "A situação no momento é de rescaldo. Estamos pegando pequenos focos que ainda estão acontecendo. É um local de difícil acesso" (Nacho Doce/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 1 de março de 2017 às 18h59.

O Corpo de Bombeiros continua na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, no trabalho de rescaldo de um incêndio que teve início por volta das 14h de hoje (1º).

Não há informações sobre vítimas. A causa do incêndio ainda é desconhecida. Alguns moradores ajudaram no combate ao fogo com baldes.

Segundo o tenente-coronel Motta, do Corpo de Bombeiros, o trabalho foi bastante difícil por causa das características do local onde ocorreu o incêndio.

"A situação no momento é de rescaldo. Estamos pegando pequenos focos que ainda estão acontecendo. É um local de difícil acesso. É uma área de difícil acesso a caminhões. [Precisamos de] mangueiras muito extensas. É um trabalho extenuante entrar aqui dentro das vielas e mesmo dentro dos barracos que foram atingidos", disse à Agência Brasil.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 50 casas foram destruídas. "A perda, infelizmente, foi grande. Foi perda total de bens materiais.

Até o momento o bombeiro não socorreu ninguém. Então, graças a Deus, só perdas materiais", disse o tenente-coronel Motta.

O presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Emerson Barata, disse não ter informações sobre como o incêndio começou, mas que a prioridade agora é "atender o morador da melhor maneira possível".

"Essa área aqui era para ser construída uma escola de música, uma área que foi reinvadida. Hoje, por causa do descaso da própria prefeitura, que não fez a escola de música, foram atingidas mais de 500 a 600 famílias", disse Barata.

Segundo o líder comunitário, cerca de 100 mil famílias vivem hoje em Paraisópolis, que é considerada a segunda maior comunidade de São Paulo, atrás de Heliópolis.

"Nossa preocupação como união de moradores é tentar auxiliar o morador. Vamos acompanhar junto com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para que o morador seja atendido, não só com cesta básica e colchão, mas para que as famílias sejam atendidas com suas casas."

Equipes da prefeitura de São Paulo tentam organizar uma fila para atender às famílias que perderam tudo ou praticamente tudo no incêndio. A formação de fila é complicada porque as famílias estão exaltadas e buscando informações.

Há muita gritaria no local. Uma mulher passou mal e desmaiou e precisou ser atendida pelo resgate. Segundo as equipes da prefeitura, as famílias serão cadastradas e atendidas prioritariamente com equipamentos básicos como colchão.

Perdas

Bastante emocionada, a diarista Ana do Carmo Cardoso Costa, 46 anos, vive no lugar há mais de 25 anos com duas filhas e dois gatos, animais que ela acredita terem morrido no incêndio.

Ela reclama das invasões constantes no local. "Essa é a quinta invasão. Não precisava o povo ter invadido. Hoje eu não precisava estar passando por isso."

A casa de Ana foi uma das atingidas pelo incêndio. Ela contou ter perdido tudo. "Eu estava trabalhando quando me ligaram. Tive que vir correndo. Não salvei nada. Só os filhotes e uma cachorra", disse.

Exaltada, Ana foi reclamar da situação com o presidente da associação e acabou atraindo uma multidão ao redor.

"Eu quero a minha moradia. Eu não quero o cadastro da prefeitura. Eu não quero aluguel social. Eu quero a minha casa de volta. Eu trabalhei para construir a minha casa. Não trabalhei para ficar vivendo de aluguel social não", gritou, sob aplausos de muitos moradores.

O jardineiro Arnaldo Herculano da Silva, 55 anos, estava em casa quando o incêndio começou. Ele só teve tempo de pegar os documentos e retirar a família do local. Silva contou que mora no local há cerca de três anos.

"Estava em casa, almoçando, de repente pegou fogo ligeirinho. Eu não salvei nada. Ficou televisão, armário, geladeira, guarda-roupa e roupa. Só peguei o documento e duas calças. Estávamos eu, a mulher e o cunhado. Saímos ilesos, graças a Deus", disse.

Ele a família vão passar a noite de hoje na casa de parentes. "Destruiu tudo, não salvou nada. Agora é começar tudo de novo. Não adianta reclamar", acrescentou.

O carpinteiro Egnaldo de Souza Cruz, 39 anos, também perdeu sua casa no incêndio de hoje. Ao lado da esposa e dois filhos, um deles um bebê, ele buscava informações sobre o que fazer agora.

"Comecei a tirar minha família e os vizinhos, meus irmãos e irmãs. Na nossa casa está todo mundo bem. Só salvei o botijão de gás e minha família, que é o mais importante, e os documentos. Mais nada."

Ele ainda não sabe onde irá passar a noite com a família. "Onde Deus permitir e puder", disse.

Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura ainda não se pronunciou sobre o incêndio e a reclamação de alguns moradores sobre a escola de música e as novas ocupações.

Incêndios em São Paulo

Segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, este ano já foram atendidas 102 ocorrências de incêndio em todo o estado, sendo 44 delas na capital e Grande São Paulo.

No ano passado, foram registradas 325 ocorrências de incêndio em todo o estado, 230 delas somente na capital e na Grande São Paulo.

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