Jair Bolsonaro: presidente deve sancionar Orçamento de 2021 nesta quinta (Alan Santos/PR/Flickr)
Agência O Globo
Publicado em 30 de março de 2021 às 07h54.
Última atualização em 30 de março de 2021 às 08h13.
Após formalizar na segunda-feira seis mudanças no gabinete ministerial, o presidente Jair Bolsonaro ultrapassou seus antecessores eleitos após a redemocratização na rotatividade de ministros em pouco mais de dois anos de mandato. No total, Bolsonaro chegou a 24 mudanças em ministérios ou órgãos com status de ministério, superando o recorde anterior, da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que havia feito 20 mudanças em período equivalente.
Diferentemente de Dilma e dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Bolsonaro não havia feito uma reforma, alterado um conjunto de ministérios de uma só vez, ao longo dos dois primeiros anos de mandato. Na única vez em que mexeu em duas pastas no mesmo momento, em fevereiro de 2020, o presidente demitiu Osmar Terra da Cidadania e acomodou na pasta Onyx Lorenzoni, o que levou a Casa Civil a ser ocupada pelo general Braga Netto.
Antes da reforma desta semana, as trocas até então haviam ocorrido por atritos com outros Poderes, como no caso do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em julho passado; por brigas dentro do corpo de ministros, o que ocasionou a demissão de Marcelo Álvaro Antônio do Turismo no fim de 2020; ou por desavenças com o próprio presidente e seus filhos -- casos de Gustavo Bebianno, que deixou a Secretaria-Geral da Presidência em janeiro de 2019, e de Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo em abril daquele ano.
No governo Dilma, a primeira reforma ministerial ocorreu já no segundo semestre de 2011, o primeiro ano de seu mandato. Em junho daquele ano, houve mudanças no ministério da Pesca, na Casa Civil e na Secretaria de Relações Institucionais. Alvo de denúncias por evolução de patrimônio, o então chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, pediu demissão à época e foi substituído por Gleisi Hoffmann. Quatro dias depois, Ideli Salvatti deixou a Pesca para assumir a secretaria de Relações Institucionais no lugar do também petista Luiz Sérgio, que assumiu o ministério vago. Com um intervalo de menos de um mês, Alfredo Nascimento deixou a pasta dos Transportes e deu lugar a Paulo Sérgio Passos, mantendo o posto sob o guarda-chuva do PR (atual PL).
Dilma faria uma nova rodada de reforma ministerial em março de 2013, trocando o comando de pastas como os ministérios da Agricultura e do Trabalho e de secretarias como a de Assuntos Estratégicos e de Aviação Civil.
No total, Dilma fez modificações em 17 órgãos com status de ministério até março de 2013, no início do seu terceiro ano de mandato, mesma duração do governo Bolsonaro atualmente. O governo da petista tinha originalmente 38 ministérios, mais do que as 22 pastas com as quais Bolsonaro iniciou o mandato.
No primeiro mandato do ex-presidente Lula, houve reforma ministerial em janeiro de 2004, abrindo o segundo ano de governo. Seis ministros deixaram o governo, e outros dois foram realocados em novas pastas: Ricardo Berzoini, que deixou o então ministério da Previdência e foi para a pasta do Trabalho, e Jaques Wagner, que deixou esta última pasta e foi para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que não tinha status de ministério.
Lula faria outra reforma ministerial ampla em julho de 2005, após estourar o mensalão. A data, no entanto, fica fora do intervalo compreendido pela comparação com o tempo atual do governo Bolsonaro.
Em 1996, já em meio ao segundo ano de mandato, o então presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma reforma que acomodou partidos da base -- como o PPB (atual PP), de Francisco Dornelles, nomeado para a pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Turismo -- e criou uma nova pasta, a de Coordenação de Assuntos Políticos. Também houve mudanças no Ministério do Planejamento -- o então ministro José Serra (PSDB) deixou o cargo para concorrer à prefeitura de São Paulo -- e da Agricultura.
No comparativo com os sucessores, FH foi o que menos mexeu no ministério no período em questão: até março de 1997, fez oito mudanças em oito pastas que já estavam no seu gabinete original. Lula, em seu primeiro mandato, fez 11 trocas em nove pastas.
Jair Bolsonaro
Dilma Rousseff (até março de 2013)
Lula (até março de 2005)
Fernando Henrique Cardoso (até março de 1997)
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