Bolsonaro: presidente criticou papel da imprensa na divulgação de notícias sobre o governo (Band TV/Reprodução)
Beatriz Correia
Publicado em 27 de março de 2019 às 18h35.
Última atualização em 2 de julho de 2019 às 18h38.
O presidente Jair Bolsonaro se manifestou nesta quarta-feira, 27, sobre a polêmica do embate entre o governo e o Congresso por falta de articulação política, afirmando que não é possível atender a todas as solicitações dos parlamentares. "São 594 congressistas, grande parte quer falar comigo e eu não tenho como atender a todo mundo. "Pessoal reclama da aproximação. Que aproximação é essa? Não posso atender", disse.
Em entrevista a José Luiz Datena, na Band, o presidente ressaltou que o fato de seus ministros não terem sido indicados por legendas dificulta a comunicação com o Congresso. "Não existe ministros indicados por partidos políticos, isso agrava o contato, a aproximação, o entendimento. Eu estou fazendo o melhor que posso". O presidente ainda argumentou que seu erro foi escolher um ministério técnico, competente e independente. "Maior erro que cometi na política", declarou.
Bolsonaro voltou a dizer que não tem problemas com o presidente da Câmara e afirmou que Rodrigo Maia "está abalado por questões pessoais da vida dele", em uma possível referência a Moreira Franco, padrasto da mulher do deputado, e que foi preso na semana passada no Rio de Janeiro e posteriormente solto.
Bolsonaro e Maia trocaram farpas publicamente nos últimos dias, com o deputado cobrando que o presidente assumisse sua responsabilidade para organizar a base do governo no Congresso.
Para o líder do Executivo, parlamentares estão fazendo "tempestade em copo d'água". O presidente garantiu que se encontrará com Maia quando voltar da viagem que fará a Israel no próximo fim de semana. "Nós vamos nos encontrar. Da minha parte, a minha mão está sempre estendida. Todo mundo tem responsabilidade com o Brasil", afirmou.
Bolsonaro ainda defendeu a postagem do filho Carlos sobre Maia nas redes sociais. "Ele [Maia] foi infeliz quando fez uma crítica ao Sergio Moro, falando que é meu funcionário. O que meu filho fez foi perguntar porque ele andava tão nervoso. Nós somos políticos, levamos porradas", disse.
Bolsonaro se referiu à Folha de São Paulo como uma "fonte de todo o mal", quando Datena o questionou sobre elogios feitos por ele ao ditador chileno Augusto Pinochet durante recente visita ao Chile. "Não foi falado em Pinochet, ditadura em nada no Chile. Me aponte um áudio, um vídeo nesse sentido, não teve nada disso. A imprensa, maldosamente, um jornal bota, escreve... Geralmente a Folha de S.Paulo começa com tudo. Toda a fonte do mal é a Folha de S.Paulo", disse.
Ele culpou ainda a imprensa pela impressão de que o cenário é de turbulência. "Tem muita coisa boa acontecendo. Lamentavelmente grande parte da mídia não divulga as duas coisas, prefere ficar na futrica, na fofoca", reclamou Bolsonaro, embora tenha dito mais adiante que busca aproximação com a mídia tradicional e não quer ser inimigo do jornalismo.
*Com agências de notícias