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Bolsonaro recua da intenção de tirar Segurança Pública de Moro

Na véspera, presidente havia afirmado que estudaria recriar o Ministério da Segurança Pública e ressaltou que Moro seria contra a mudança

Jair Bolsonaro e Sergio Moro: 'A chance no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã" (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro e Sergio Moro: 'A chance no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de janeiro de 2020 às 08h24.

Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 10h40.

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro recuou nesta sexta-feira da intenção de separar o Ministério da Segurança Pública da pasta da Justiça, uma medida que enfraqueceria o poder do ministro Sergio Moro, mas disse que na política tudo muda.

"A chance no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã. Na política tudo muda, mas não há essa intenção de dividir. Não há essa intenção", disse Bolsonaro a jornalistas logo após desembarcar em Nova Délhi para viagem oficial à Índia.

"Há interesse de parte de setores da política. Nós simplesmente aceitamos recolher as sugestões, educadamente dizemos que vamos estudá-las, e os ministérios continuam sem problema", acrescentou.

Bolsonaro havia afirmado na véspera que estudaria recriar o Ministério da Segurança Pública, depois de receber pedido de secretários estaduais da área nesse sentido. O presidente, no entanto, ressaltou que Moro seria contra a mudança.

Quando disse que estudaria a separação dos ministérios da Segurança Pública e da Justiça, como era no governo Michel Temer, Bolsonaro afirmou que Moro ficaria com a pasta da Justiça, como teria sido acertado ao convidar Moro para o governo, segundo ele.

Na verdade, ao deixar o cargo de juiz federal no Paraná para aceitar o cargo de ministro do governo Bolsonaro, uma das condições de Moro foi a ampliação dos poderes do Ministério da Justiça para abarcar novamente a área de segurança pública. O então juiz tinha a intenção de fazer avançar o pacote anticrime e as chamadas 10 medidas contra a corrupção, propostas pelo Ministério Público.

Moro queria, inclusive, mais do que reunificar os dois ministérios e tentou levar para sua pasta o Ministério da Transparência, que incluía a Corregedoria-Geral da União, e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) -- o que não conseguiu.

Uma separação dos ministérios tiraria de Moro todo o poder de influência no combate à corrupção, foco do ministro ao aceitar o cargo, já que não poderia contar com a Polícia Federal, por exemplo, e nem caberia a ele negociar medidas anticrime no Congresso.

Também tiraria de Moro a área que o ministro mais tem usado para enumerar seus feitos. Sucessos no combate ao tráfico de drogas e armas e a redução no índice de homicídios são hoje seus principais temas, inclusive nas redes sociais.

A possibilidade de recriação do Ministério da Segurança Pública pode ser mais um lance no embate quase sempre silencioso entre Bolsonaro e Moro, hoje com uma popularidade maior que a do chefe, segundo pesquisas de opinião pública, e considerado um potencial candidato na eleição presidencial de 2022.

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