Moro: os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello devem se aposentar até 2021 (Pablo Valadares/Agência Câmara)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de maio de 2019 às 18h49.
Última atualização em 22 de maio de 2019 às 18h50.
São Paulo — O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quarta-feira, 22, que o presidente Jair Bolsonaro quis "fortalecê-lo" quando disse que pretendia indicá-lo para o Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi dada em entrevista à Rádio Bandeirantes.
"Ele deu essa declaração com o intuito de me fortalecer. Havia essa discussão sobre a questão do Coaf, tinha havido uma certa resistência em manter o Coaf no ministério da Justiça (após votação na comissão especial que devolveu o Coaf à pasta da Economia). O presidente deu a declaração com boa intenção (...) Entre eu e ele de fato nunca houve um acerto em que foi colocada uma condição (para assumir a vaga no Supremo). Não faria sentido".
Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello vão completar, respectivamente, 75 anos em novembro de 2020 e julho de 2021 e devem se aposentar compulsoriamente.
Moro disse ainda que não sabe se Bolsonaro vai querer convidá-lo na ocasião e tampouco pode dizer se aceitaria. "Nem sei se quero ir para o STF e nem sei se o presidente está querendo me indicar", afirmou.
Questionado sobre um possível arrependimento em abandonar a magistratura para aceitar o cargo de ministro, Moro negou.
"Eu não me arrependi. Quando aceitei esse convite, tinha bastante presente os meus objetivos: a ideia era tentar consolidar esses avanços anticorrupção dos últimos cinco anos e, por outro lado, poder avançar contra o crime organizado e o crime violento. Entendi que poderia fazer mais assumindo essa posição do que como juiz", disse.
Moro afirmou na entrevista que tem dialogado com parlamentares para a aprovação do pacote anticrime. "Vários deles têm sido muito receptivos às propostas do projeto. Há uma sinalização de que seja possível eventualmente a votação em junho".