Presidente Jair Bolsonaro (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)
Reuters
Publicado em 10 de junho de 2021 às 18h33.
Última atualização em 10 de junho de 2021 às 19h20.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o ministro da Saúde finaliza um parecer que irá desobrigar o uso de máscaras àqueles que já estiverem vacinados ou ainda a quem já tiver contraído a covid-19.
Bolsonaro já participou de eventos públicos em que havia a aglomeração de pessoas sem o uso da proteção. Mas o ministro da Saúde, por outro lado, vem defendendo o uso da máscara e de outras medidas não farmacológicas, como o distanciamento físico, como instrumentos de prevenção e contenção da disseminação do coronavírus e externou publicamente essa posição nesta semana em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).
"Acabei de conversar com um tal de Queiroga, não sei se vocês sabem quem é, o nosso ministro da Saúde. E ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que já estejam vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado", disse o presidente em evento de apoio ao setor de Turismo.
Na terça-feira, quando depôs à CPI, Queiroga reiterou em diversas ocasiões que a pasta "tem atuado fortemente" para reforçar a necessidade do uso de máscaras e chegou a preparar campanha de conscientização em que o tradicional personagem "Zé Gotinha" e sua família utilizam a proteção.
Ao responder um dos senadores, afirmou que "primeira atitude minha como ministro... foi editar uma portaria obrigando o uso de máscaras no Ministério da Saúde, porque nós julgamos isso importante".
Questionado sobre a postura de Bolsonaro de comparecer a eventos sem máscara, afirmou que não cabia a ele, como ministro, julgar o presidente da República.
Acrescentou, ainda, que Bolsonaro usou máscara "na grande maioria das vezes" em que esteve com o ministro.
Em linha diversa do presidente, Queiroga vinha defendendo não apenas as medidas não farmacológicas, mas também uma política de vacinação em massa como solução para a pandemia.
Na contramão disso, Bolsonaro voltou a abordar nesta quinta o chamado "tratamento precoce" e citou nomes de remédios sem eficácia comprovada contra Covid, como a cloroquina.
A declaração de Bolsonaro causou reação de parlamentares.
“Fui o relator do projeto que estabeleceu a obrigatoriedade das máscaras no Brasil, já naquela ocasião, Bolsonaro se pronunciou claramente contra a ciência ao vetar a proposta", disse o líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN).
"Vacina não quer dizer que alguém não possa ser contaminado e se transformar num transmissor da Covid. O que este senhor faz é altamente perigoso para o Brasil e o mundo. A todo momento ele parece lutar contra o fim da pandemia", acrescentou o senador.