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Bolsonaro quer aumento para servidor antes do fim do mandato, diz ministro

Ministro Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União, comunicou aos subordinados que o presidente deseja conceder aumento

Jair Bolsonaro: presidente quer conceder aumento a servidores até o fim do mandato (Marcello Casal/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: presidente quer conceder aumento a servidores até o fim do mandato (Marcello Casal/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 31 de julho de 2020 às 18h29.

Última atualização em 31 de julho de 2020 às 19h56.

Em reunião por videoconferência com servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), o ministro Wagner Rosário comunicou aos subordinados que o presidente Jair Bolsonaro deseja conceder aumento salarial aos funcionários públicos antes do fim de seu mandato em dezembro de 2022.

Segundo Rosário, a informação teria sido repassada aos ministros do governo pelo próprio Bolsonaro. O chefe da CGU revelou ainda que o presidente tem restrições a temas abordados pela reforma administrativa, ainda em análise pelo governo federal.

"O presidente falou na reunião: 'Eu queria dar um aumento salarial para os servidores antes de terminar meu mandato, no meu mandato eles não tiveram nenhum aumento'", relatou Rosário.

No encontro, na manhã desta sexta-feira, restrito aos servidores da CGU — Rosário costuma fazer conversas mensais com a equipe —, o ministro da CGU fez críticas à maneira com que os servidores públicos são tratados tanto publicamente como nas discussões internas do governo sobre a proposta de reforma administrativa.

Segundo o relato de Rosário, integrantes do Executivo declararam que o funcionalismo não tinha, até o momento, perdido benefício algum e que deveria haver cortes.

"Quando falaram que os servidores não estão perdendo nada, eu disse: 'Não estão perdendo nada? Perdi 1.400 reais. Estou pagando 4.000 reais de previdência e você vem falar que não perdemos nada!' Falei para um ministro numa reunião", disse Rosário, aos subordinados.

O ministro contou que, com 28 anos de serviço público, teve redução por causa da migração de sistemas de previdência. Rosário foi militar por 17 anos antes de entrar, por concurso, na CGU. Segundo ele, o próprio presidente tem demonstrado se opor à redução de benefícios do funcionalismo público.

"Fico tranquilo porque o presidente é completamente contra. O máximo que ele [Bolsonaro] aceitou foi congelar os salários durante dois anos a contar de março", declarou o ministro.

Na reunião assistida por dirigentes do sindicato dos auditores da CGU, Rosário comentou ainda que pode haver incompreensão da população sobre a condição do servidor público. E que algumas críticas são indevidas.

"Talvez as pessoas não saibam que a gente paga 4.000 reais de previdência. Aí é mole, eu pago 600 e critico Deus e o mundo porque acho que servidor ganha muito. Então paga 4.000 e pouco também."

O jornal O Globo procurou o Palácio do Planalto e a CGU. Rosário informou, por intermédio de sua assessoria, que não se manifesta sobre o conteúdo de reuniões internas. O Planalto ainda não se manifestou.

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