Jair Bolsonaro: professor da FVG afirmou, entretanto, que, numa segunda etapa de votação, deputado teria poucas chances de vencer (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de maio de 2018 às 18h30.
Última atualização em 14 de maio de 2018 às 18h32.
São Paulo - O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ) parece ter atingido seu teto de intenção de votos, segundo Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta segunda-feira, 14, indica o deputado federal na vice-liderança, com 16,7%, no cenário que inclui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No entanto, diz Marco Antonio, o desempenho de Bolsonaro já pode ser o suficiente para levá-lo ao segundo turno. "Por mais que esse pareça o teto, não é um teto que o coloque fora do páreo", afirmou.
O professor afirmou, entretanto, que, numa segunda etapa de votação, Bolsonaro teria poucas chances de vencer: "Nesse caso, acho que a rejeição a ele prevalece".
Já o desempenho de Lula, preso desde 7 de abril, indica, segundo Teixeira, que o ex-presidente ainda terá influência na campanha e aumenta a probabilidade de o PT lançar uma candidatura própria.
"Devem insistir na candidatura do Lula porque, se abrirem mão, a solidariedade em torno dele se dissolverá em algum grau. Mas todos sabem que a probabilidade é muito remota. Tudo indica que, caso optem por candidatura própria, será a de Fernando Haddad", afirmou o professor, lembrando que o outro possível candidato, Jaques Wagner, indicou que não abre mão de tentar uma vaga no Senado pela Bahia.
Além de Lula e Bolsonaro, os outros três candidatos competitivos, de acordo com Teixeira, são Marina, Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Eles tiveram 7,6%, 5,4% e 4% das intenções de voto, respectivamente.
"A surpresa da pesquisa é que o Alckmin não decola. Já era tempo de ele aparecer na condição de competidor melhor", afirmou Marco Antonio. Entre os motivos para o fraco desempenho do tucano, estão a falta de aliados e as divisões dentro do próprio partido.
"O DEM, aliado natural do PSDB, já afirmou que vai buscar outro espaço. E o próprio PSDB está dividido - há rachas em torno do Doria, com pedaços do partido apoiando o Márcio França (PSB). E a imagem do partido em Minas, região que sempre lhes deu muitos votos, está esfacelada por causa do Aécio Neves."
Para o cientista político, a impopularidade do governo Temer, indicada pela pesquisa - o presidente aparece com avaliação negativa de 71,2% e 4,3% positiva - também terá impacto na corrida eleitoral.
"Por mais que se fale de ensaio entre Temer e Alckmin, isso será precedido de muita ponderação eleitoral. As intenções de voto também não devem animar o MDB a ter candidatura própria e reduzir a capacidade de eleger bancada. Há muito tempo eles evitam ter candidatura à Presidência para liberar os acordos nos Estados."