Brasil

Bolsonaro no extremo, Haddad no centro: os ventos do segundo turno

Sempre quem chegou em primeiro lugar ganhou a eleição no Brasil após a redemocratização

JAIR BOLSONARO: nesta segunda-feira, começa uma nova corrida entre os estrategistas de campanha para a conquista da maioria dos votos (Ricardo Moraes/Reuters/Reuters)

JAIR BOLSONARO: nesta segunda-feira, começa uma nova corrida entre os estrategistas de campanha para a conquista da maioria dos votos (Ricardo Moraes/Reuters/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 06h15.

Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 06h54.

Segundo turno é uma nova eleição. Será mesmo? Faltando três semanas para os eleitores brasileiros irem às urnas decidir entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), começa uma nova corrida entre os estrategistas de campanha para a conquista da maioria dos votos.

A julgar pela primeira declaração após os resultados, ontem, Jair Bolsonaro não está muito disposto a abrandar o discurso que o trouxe até aqui. Sentado ao lado do economista Paulo Guedes, ele pediu para que os eleitores não se desmobilizassem e afirmou que “todos juntos reconstruiremos o nosso Brasil”. Mas também afirmou que, se não fossem problemas com urnas eletrônicas, teria sido eleito no primeiro turno.

A estratégia tem uma explicação numérica. Com 46% dos votos, ele está muito perto da vitória. Para isso, precisa conquistar um punhado de eleitores de outros partidos que já podem lhe ser simpáticos.

O trabalho de Fernando Haddad é muito maior, claro. Em discurso na noite de ontem, declarou o desejo de “unir os democratas do Brasil” em um programa “democrático e que busque a justiça social”.

A partir desta segunda-feira Haddad vai ter oportunidade mostrar se de fato está disposto a sair das trincheiras petistas para tentar ganhar a eleição. Continuará visitando o ex-presidente Lula em Curitiba, como faz todas as semanas? Seguirá com a proposta de uma nova constituição? Divulgará um comunicado no estilo da Carta Ao Povo Brasileiro, de 2002, para acalmar os mercados e se comprometer com reformas econômicas?

Uma das dificuldades do Partido dos Trabalhadores vai ser mudar o foco dos embates eleitorais. Bolsonaro foca na soberania nacional, no combate à corrupção, na importância da família (de sua visão de família, evidentemente). Haddad tenta, mas tem dificuldades, de relembrar os números de emprego e crescimento econômico dos governo Lula. “Haddad pode ter alguma chance apenas se levar o debate para a pauta econômica”, diz Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisas Locomotiva.

Sempre quem chegou em primeiro lugar ganhou a eleição no Brasil após a redemocratização. Haddad espera angariar o apoio de Ciro Gomes para encurtar a distância e ter alguma chance de romper com a regra. Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) tendem a manter silêncio nesta bola dividida.

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2018Exame HojeFernando HaddadJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra