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Bolsonaro: não quero romper unilateralmente (caso Fernández ganhe eleição)

Presidente disse que argentino já deu sinais de que pode rever participação no Mercosul e que relação entre os países deve ser conflituosa se ele for eleito

Bolsonaro: presidente falou sobre resultado das eleições primárias na Argentina (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: presidente falou sobre resultado das eleições primárias na Argentina (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de agosto de 2019 às 20h01.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 13h18.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não quer romper unilateralmente com a Argentina caso Alberto Fernández ganhe a eleição, mas voltou a fazer críticas ao cabeça da chapa na qual a ex-presidente Cristina Kirchner é vice. Bolsonaro disse que Fernández já deu "sinais" de que pode rever a participação da Argentina no Mercosul e a relação entre os países deve ser "conflituosa" se ele for eleito.

"A gente vai ver como é que fica a situação. Ninguém quer... eu não quero romper unilateralmente, mas ele mesmo, o candidato cujo partido ganhou as prévias, falou que quer rever o Mercosul. Esse é o primeiro sinalizador de que vai ser uma situação bastante conflituosa", disse Bolsonaro após chegar ao Palácio da Alvorada. O presidente falou com jornalistas ao retornar do Rio Grande do Sul.

"Se eu não me engano, ele (Fernández) esteve em Curitiba visitando o (ex-presidente) Lula também. Quer dizer, (ele) está dando sinalizações mais do que precisas, concretas, de que não quer se alinhar com aquilo que no momento nos alinhamos com Macri, com Maríto (Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai) e com o presidente do Uruguai", avaliou Bolsonaro.

Os mais de 15 pontos de vantagem obtidos por Fernández sobre o presidente Mauricio Macri na eleição primária da Argentina, no último final de semana, o colocaram em vantagem expressiva até a votação geral em outubro.

Questionado se pretende "ajudar" Macri de alguma forma, Bolsonaro respondeu que não se trata disso. "Não é ajudar o Macri ou não ajudar. Você pode ver, o próprio dólar, acho que subiu 10% se não me engano. Os juros também foram lá para cima. O sinalizador está ai. Em um país com esses números a tendência é o quê? Se transformar em uma nova Venezuela. E nós não queremos o mal para nossos irmãos aqui no Sul", declarou.

Ele reforçou que "mais do que nunca o Brasil quer integração e prosperidade com a Argentina". "Se realmente for essa política de Cristina Kirchner, mesmo como vice (na chapa de Fernández), ligada ao Foro de São Paulo, ligada a (Hugo) Chávez no passado, a (Nicolás) Maduro, a Fidel Castro que se foi, ligado ao que há de pior aqui na América Latina, a tendência é desgraça e caos."

Bolsonaro voltou a dizer que a eventual eleição da chapa de Fernández e Kirchner poderia levar a um "problema de entrada de argentinos no Brasil como vem acontecendo na Venezuela".

Em julho, Fernández visitou Lula na prisão e disse que a prisão do ex-presidente "é uma mancha para o Brasil". O candidato também não descartou revisar o acordo assinado entre o Mercosul e a União Europeia.

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