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Bolsonaro não pode abandonar discurso contra velha política, diz Maia

Presidente da Câmara dos Deputados afirmou que o líder do Executivo não pode "dar meia-volta da noite para o dia" no foco do discurso que o elegeu ao cargo

Rodrigo Maia: presidente da Câmara afirmou que relação entre o Executivo e o Legislativo é boa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara afirmou que relação entre o Executivo e o Legislativo é boa (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 5 de julho de 2019 às 15h08.

Última atualização em 5 de julho de 2019 às 15h10.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (5) que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito com base na tese de combate à “velha política” e que não tem como se descolar desse discurso de uma hora para outra.

Segundo Maia, o afastamento de Bolsonaro do chamado “presidencialismo de coalizão” foi uma opção, mas acaba por dar mais força ao Poder Legislativo e a seus representantes.

“Ele assumiu a Presidência com esse discurso (de combate à velha política), ele não pode dar a meia-volta da noite para o dia”, disse o presidente da Câmara ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, defendendo que Bolsonaro possa conservar seus apoiadores explicando que são necessários “contrapesos” entre os Poderes na democracia.

“Esse presidencialismo sem coalizão, ele acaba fortalecendo a posição das principais lideranças do Parlamento e do próprio Parlamento”, disse.

“Isso dá a impressão de uma divisão maior do poder e não é. É porque o próprio presidente decidiu governar assim”, avaliou, acrescentando que a nova relação entre os dois Poderes está sendo “muito boa” e reafirma a democracia.

As tentativas de vinculação de parlamentares ao que convencionou-se chamar de velha política tem irritado a classe, e provocou sérias rusgas na relação entre o Executivo e o Legislativo. Tanto é que, apesar de um ou outro aceno, o Parlamento tem tocado sua agenda própria de maneira independente do governo.

A reforma da Previdência, principal tema legislativo desde o início do ano, tem andado na Câmara por vontade dos parlamentares, principalmente os que compõem o chamado centrão. Por isso mesmo, para mostrar que o Legislativo está dando a sua “contribuição”, que a reforma da Previdência deve ser votada pelo plenário da Câmara ainda antes do recesso parlamentar de julho, segundo Maia.

O deputado aproveitou para avaliar que a radicalização e a falta de informação, principalmente por parte desses “nichos” em torno de Bolsonaro, prejudicam “o bom diálogo”.

O presidente da Câmara, negou qualquer ironia, elogiou Bolsonaro por ter conseguido se colocar como alternativa na disputa entre PSDB e PT pela Presidência da República e incorporar a representação da nova política, apesar dos anos como deputado federal.

“Ele foi muito competente, porque ele, com sete mandatos de deputado, representa a nova política. Ele conseguiu ficar esse tempo todo no Parlamento e ele representa a nova política. Parabéns para ele, eu não tenho nenhuma crítica”, afirmou o parlamentar.

“Eu queria ter tido a competência de ter compreendido — eu compreendo nitidamente que era um novo momento e que o PSDB e o PT não fariam o presidente da República — mas eu não tive a competência de ser a alternativa”, disse Maia, que chegou a se lançar pré-candidato na disputa presidencial do ano passado, mas acabou desistindo para que o DEM, seu partido, apoiasse Geraldo Alckmin (PSDB).

Questionado sobre eventual resgate do regime parlamentarista, Maia afirmou que o debate sobre o assunto, no começo de um governo, configura um “sinal cruzado”. Para ele, o tema pode ser discutido no final do mandato.

O presidente da Câmara também apontou para o que considera um avanço no ambiente político: o fim das coligações proporcionais já para as eleições de 2020. Segundo ele, isso possibilitará, se nenhuma regra for mudada, uma redução do número de partidos representados no Congresso.

O parlamentar calcula que essa diminuição possa levar ao número de 8 partidos, o que abriria caminho para uma reforma política mais ampla.

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