Coronavírus: Bolsonaro evitou comentar o aumento da quarentena nos Estados Unidos (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de março de 2020 às 11h52.
Última atualização em 30 de março de 2020 às 17h26.
O presidente Jair Bolsonaro repetiu nesta segunda-feira, 30, que pensa em editar um decreto para liberar ao trabalho as pessoas cujas atividades sejam consideradas essenciais durante a pandemia de covid-19. Ele não garantiu, porém, se realmente publicará o ato nem quando faria isso.
"Se o Brasil continuar tendo seus empregos destruídos, vocês vão ver a desgraça que vai se abater sobre o país", disse Bolsonaro a jornalistas, ao deixar o Palácio da Alvorada. O presidente voltou a reforçar que o impacto na economia pode ser mais grave com o isolamento social, como orienta o Ministério da Saúde.
Nos últimos dias, o presidente da República vem criticando governadores por determinarem o fechamento de estabelecimentos comerciais e outras empresas durante a pandemia do novo coronavírus. Nesta segunda, ele voltou a falar do risco de um "caos" no país e de "oportunistas" chegarem ao poder "e nunca mais saírem". O impacto econômico de medidas restritivas, destacou, "já chegou no limite".
Quando perguntado sobre detalhes do possível decreto, Bolsonaro classificou como atividade essencial "todo mundo que precisa levar um prato de comida para casa". No domingo 29, ele saiu às ruas e visitou comércios. Reagindo às críticas, declarou que não foi "passear", mas "ver o povo".
O presidente evitou comentar a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de mudar o rumo no combate à covid-19. Trump estendeu o isolamento social no país norte-americano até o dia 30 de abril. "Eu não vou discutir. O Brasil é diferente de qualquer outro país", declarou Bolsonaro.
Bolsonaro reforçou que está trabalhando com responsabilidade tanto em relação ao novo coronavírus quanto aos impactos na economia. A apoiadores, ele declarou que é preciso resolver o problema e, com ironia, questionou se seria necessário trocar o presidente da República.
"Parece que o problema é o presidente. É que o presidente tem responsabilidade, tem que decidir. Não é apenas a questão de vida, é a questão da economia também, a questão do emprego. Se o emprego continuar sendo destruído da forma como está sendo, mortes virão outras por outros motivos", declarou, citando depressão e suicídio.
No domingo, Bolsonaro foi às ruas de Brasília um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir, em reunião tensa, noticiada pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde, que o presidente não menosprezasse a gravidade da pandemia em suas manifestações públicas. A ida de Bolsonaro a comércios da capital causou aglomerações de pessoas que queriam tirar selfies com o presidente.
"O que eu tenho conversado com o povo: eles querem trabalhar. É o que eu tenho falado desde o começo. Vamos tomar cuidado, a partir dos 65 fica em casa...", disse o presidente.