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Bolsonaro não comparece a dois eventos sobre coronavírus

O silêncio do presidente ocorre após, mesmo contrariado, ter cedido aos militares e mantido o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo

Jair Bolsonaro: (Ueslei Marcelino/Reuters)

Jair Bolsonaro: (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de abril de 2020 às 15h25.

O presidente Jair Bolsonaro deixou de comparecer a dois eventos sobre a covid-19 ocorridos na manhã desta terça-feira, 7, no Palácio do Planalto. Ambos estavam previstos em sua agenda oficial.

O primeiro compromisso que o presidente faltou foi o lançamento de site e aplicativo para solicitar o auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do coronavírus. O segundo foi a apresentação do projeto Arrecadação Solidária para o enfrentamento da doença, que teve a participação primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente também evitou contato com a imprensa. Ele chamou os apoiadores que o aguardavam na residência oficial para ficar longe dos repórteres.

Nos últimos dias, ele tem adotado esta estratégia quando quer evitar a imprensa. O silêncio de Bolsonaro ocorre após, mesmo contrariado, ter cedido aos militares e mantido o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo.

Em meio à pandemia do coronavírus, Bolsonaro trava uma guerra particular com o ministro da Saúde, a quem acusa de não ser "humilde" por não seguir suas orientações. Mandetta, por sua vez reafirma diariamente que se pauta pela "ciência."

A agenda do presidente foi divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom) na noite de segunda-feira, 6. Nela, constava a entrevista coletiva entre 9h e 10h, mas Bolsonaro, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, não compareceu.

O anúncio sobre o pagamento do auxílio emergencial foi feito apenas pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e o presidente do Dataprev, Gustavo Canuto.

Mesmo após estar ausente do primeiro compromisso, a Casa Civil, por volta das 9h40, divulgou um comunicado à imprensa afirmando que o presidente participaria do evento de Arrecadação Solidária ao lado da primeira-dama. Bolsonaro não apareceu e a agenda foi atualizada, retirando os eventos que estava previstos.

Questionada, a Secom não respondeu por que o presidente deixou deixou de ir aos eventos.

Arrecadação Solidária

O projeto que incentiva doações para amparar população vulnerável foi anunciado por Michelle Bolsonaro ao lado do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e técnicos do governo. O Arrecadação Solidária faz parte do programa Pátria Voluntária, comandado pela primeira-dama, e é realizado junto à campanha Todos por Todos e com a Fundação Banco do Brasil.

"Diante dessa pandemia precisamos mais do que nunca de voluntários", disse Michelle. Ela destacou que compartilha da angústia dos brasileiros em relação à covid-19 e que é preciso ter atenção com os mais vulneráveis durante a crise.

A iniciativa foi criada para apoiar instituições sem fins lucrativos que atuem com trabalho voluntário junto a grupos vulneráveis da sociedade durante o período de pandemia. Pelo projeto, empresas e pessoas físicas poderão fazer doações no valor mínimo de R$ 30 pelo site do Pátria Voluntária ou da campanha Todos por Todos. A Fundação Banco do Brasil será responsável por firmar contratos simplificados e transferir os valores para entidades atuantes junto a grupos vulneráveis da sociedade.

Em sua fala, Braga Netto reforçou o mote "o Brasil não pode parar" usado pelo presidente Jair Bolsonaro em declarações recentes para estimular a retomada da economia. "Não podemos nos esquecer de que somos um povo criativo e solidário, que não desiste nunca. Estamos certos que superaremos este momento com a união e participação de todos. O Brasil não pode parar", disse.

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