Marcelo Álvaro e Bolsonaro: ministro do turismo permanece no cargo mesmo após ser indiciado (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de outubro de 2019 às 13h15.
Última atualização em 4 de outubro de 2019 às 13h54.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro pretende manter no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, indiciado nesta sexta-feira (04) pela Polícia Federal por suposto desvio de recursos por meio de candidaturas laranjas nas eleições de 2018. Na ocasião, Marcelo Álvaro presidia o PSL em Minas.
"O presidente da República aguardará o desenrolar do processo. O ministro permanece no cargo", disse o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.
Desde o início das investigações sobre a atuação de Marcelo Álvaro e de seus assessores, Bolsonaro indicou que aguardaria a apuração da PF para definir o futuro do ministro.
Nos últimos dias, o presidente tomou posição semelhante para justificar a permanência no posto do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), que foi alvo de mandados de busca e apreensão da PF em setembro.
Bolsonaro tem dito que é preciso ter algo "mais concreto" contra Bezerra e que ele tem feito um bom trabalho junto aos parlamentares.
Outro argumento repetido no Palácio do Palácio é de que o caso envolvendo Bezerra diz respeito ao passado e não está relacionado à atuação dele como líder do governo. O mesmo se aplica a Álvaro Antônio — que responde por irregularidades relacionadas à campanha eleitoral.
Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que Álvaro Antônio ainda não foi notificado sobre o indiciamento, mas "reafirma sua confiança na Justiça e reforça sua convicção de que a verdade prevalecerá e sua inocência será comprovada".
"Assim como vem declarando desde o início da investigação, que teve como base uma campanha difamatória e mentirosa, o ministro reitera que não cometeu qualquer irregularidade na campanha eleitoral de 2018. Vale lembrar que esta é apenas mais uma etapa de investigação e o ministro segue confiante de que ficará comprovada sua inocência", diz o ministério.
A decisão desta manhã faz parte de um inquérito que apura um esquema de laranjas no partido, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro.
Segundo investigação do veículo, nas eleições do ano passado, o comando nacional do PSL repassou 279 mil reais para financiar a candidatura das quatro candidatas mulheres do partido que tiveram um desempenho insignificante na eleição.
Logo depois do repasse, ao menos 85 mil reais foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do ministro.
Como presidente do PSL mineiro, Álvaro Antônio tinha o poder de escolher as candidaturas e também de destinar o dinheiro necessário para o desenvolvimento das campanhas.
Desde então, a permanência do ministro do Turismo no cargo tem sido cada vez mais questionada. O governo, no entanto, nega que ele será demitido.
Nas últimas vezes em que se pronunciou sobre o caso, o presidente Bolsonaro afirmou que é preciso esperar a conclusão das investigações pelas autoridades. “Só com acusação não vale”, afirmou em uma das ocasiões.
Em abril, novas revelações trouxeram mais complexidade às investigações, quando a deputada federal Alê Silva (PSL-MG) denunciou que o ministro a ameaçou de morte durante uma reunião no fim de março.
A parlamentar prestou depoimento espontâneo à PF explicando o esquema de candidaturas, que ela confirma ter sido comandado por Álvaro Antônio.