O Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araujo, observa durante cerimônia no Palácio do Planalto em Brasília, Brasil, 9 de novembro de 2020. (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de março de 2021 às 18h36.
A comitiva do governo que irá a Israel para negociar a adesão aos testes de um spray nasal contra a covid-19 partirá amanhã, 7 e deve retornar a Brasília na próxima quarta-feira, 10. O presidente Jair Bolsonaro deve acompanhar o embarque da delegação brasileira, chefiada pelo ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.
O grupo sairá de Brasília em voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Além do chanceler, também devem ir na missão representantes do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério da Saúde, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Ministério das Comunicações, da Presidência da República e da Câmara dos Deputados. O Itamaraty não divulgou a lista de nomes dos membros da comitiva até a publicação deste texto.
"Eu vou estar lá no aeroporto no sábado, por volta de 11h da manhã parte um avião da Força Aérea com uma comitiva de dez pessoas, tendo como chefe da delegação nosso ministro Ernesto Araújo, que faz um brilhante trabalho junto a todos os países do mundo", disse Bolsonaro ontem, durante sua live semanal nas redes sociais.
O Ministério das Relações Exteriores informou à reportagem que "a visita tem o objetivo de dar seguimento à cooperação científica e tecnológica e ao diálogo político entre os dois países". Em Jerusalém, no domingo, Ernesto Araújo se encontrará com o ministro de Relações Exteriores israelense, Gabi Ashkenazi com previsão de declaração à imprensa após o encontro. No dia seguinte, o ministro terá uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Segundo o Itamaraty, a delegação terá encontros com "representantes de diversos centros de pesquisa científica, inclusive na área de saúde", com foco em parcerias para o tratamento da covid-19. Entre eles, uma reunião com "dirigentes e altos representantes" do Centro Médico Sourasky, conhecido como Hospital Ichilov, onde o spray nasal EXO-CD 24 é desenvolvido.
A ideia, conforme vem dizendo o presidente Jair Bolsonaro desde a semana passada, é assinar um acordo para incluir o Brasil na terceira fase dos testes do medicamento, que é indicado para tratamentos moderados e graves. "Vamos assinar um acordo para a aplicar a terceira fase do spray aqui no Brasil. É emergencial, é um teste ainda. A documentação vai ter que passar pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)", disse o presidente ontem.
"Acredito eu - não tenho conhecimento de medicina - por ser algo que pode ser aplicado em quem está em estado grave e não é invasivo, é um spray, acredito que a Anvisa dê o parecer favorável a essa terceira fase no Brasil", acrescentou.
Sobre spray ainda em estudo, Bolsonaro já comentou que "parece até que é um produto milagroso". O remédio é originalmente usado para o tratamento de câncer no ovário. Na primeira fase de testes, cientistas israelenses afirmaram que 29 dos 30 pacientes com casos moderados a graves de covid-19 tratados com o spray tiveram uma recuperação completa em cinco dias. O estudo, no entanto, não comparou a droga a um placebo.
Além do Hospital Ichilov, a comitiva brasileira também se encontrará com representantes do Centro Médico Hadassah, que iniciou pesquisa clínica do medicamento já existente Allocetra para o tratamento do novo coronavírus, segundo o MRE. Ainda, está prevista reunião com representantes do Instituto Weizmann, que "possui 65 linhas de pesquisa sobre o Covid-19, incluindo desenvolvimento de vacinas".
De acordo com o Itamaraty, os encontros servirão para definir parcerias com os institutos de pesquisa israelense para o "desenvolvimento de cooperação conjunta que permitirão ao Brasil e a Israel colaborar em estudos de imunologia e pesquisa sobre medicamentos e vacinas para a prevenção, controle e tratamento do covid-19".