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Bolsonaro e Haddad iniciam a campanha do segundo turno

Visando vencer o segundo turno das eleições presidenciais, candidatos buscam formar alianças e superar as resistências de setores sociais

HADDAD E BOLSONARO: corrida presidencial para o segundo turno começa nesta segunda-feira (Montagem/Exame)

HADDAD E BOLSONARO: corrida presidencial para o segundo turno começa nesta segunda-feira (Montagem/Exame)

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AFP

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 06h27.

O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro e o esquerdista Fernando Haddad buscarão a partir desta segunda-feira formar alianças e superar as resistências que cada um encontra em amplos setores sociais para vencer o segundo turno, em 28 de outubro, da eleição presidencial do Brasil.

Em uma rotina insólita, Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT visitará, como em todas as segundas-feiras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o líder histórico da esquerda cumpre uma pena de 12 anos de prisão por corrupção.

Após o anúncio de que disputaria o segundo turno, o candidato que fez toda campanha com base no slogan "Haddad é Lula", agradeceu a "liderança" de seu mentor.

Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), acreditava na vitória no primeiro turno, mas recebeu 46,04% dos votos no domingo, enquanto Haddad alcançou 29,26%.

O ex-capitão do Exército, de 63 anos, denunciou "problemas" nas urnas eletrônicas que teriam impedido seu triunfo na eleição de 7 de outubro.

Também denunciou os recursos financeiros e o apoio de "parte da mídia" que o PT receberia, ao mesmo tempo que prometeu trabalhar para "unir os brasileiros".

A preocupação de Bolsonaro pode parecer desnecessária, por matematicamente não dever ser difícil obter os votos que faltaram para alcançar a maioria absoluta, sobretudo depois de ter recebido o apoio dos poderosos setores do agronegócio e das igrejas evangélicas.

Mas as pesquisas de sábado apontavam um virtual empate técnico em caso de segundo turno, com tendência favorável a Bolsonaro (45%-43% no Ibope e 45%-41% de acordo com o Datafolha).

Bolsonaro tem o maior índice de rejeição (45% segundo o Datafolha), resultado de uma carreira repleta de declarações misóginas, homofóbicas e racistas, assim como por sua justificativa da tortura durante a ditadura militar (1964-1985).

"Agora o que parece primordial para a campanha de Bolsonaro é evitar qualquer tipo de erro, fazer algo que possa prejudicá-lo, perder votos. Tem que tentar manter a discrição, não ter nenhuma surpresa negativa", disse Fernando Meireles, cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Bolsonaro será impossibilitado de fazer campanha nas ruas, pois ainda se recupera da facada que recebeu em um comício no dia 6 de setembro. Mas isso não o impediu de manter o apoio de seus partidários nas redes sociais.

Haddad em busca do centro perdido

Para Haddad, a distância para a maioria absoluta parece quase impossível de ser alcançada.

Sua identificação total com Lula permitiu ganhar rapidamente os setores que se identificam com o ex-presidente (2003-2010).

Mas pode comprometer sua aproximação de grupos e partidos que consideram o líder da esquerda um sinônimo de corrupção e de políticas estatizantes, que estes grupos consideram responsáveis por jogar o Brasil em uma recessão de dois anos, da qual o país começou a se recuperar em 2017.

Uma das chaves para reduzir a distância para Bolsonaro seria o apoio de Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que foi ministro da Integração Nacional de Lula e conseguiu 12,5% dos votos.

Gomes disse que discutirá com os líderes do PDT a posição para o segundo turno, mas antecipou um possível apoio: "Farei o que fiz toda minha vida, que é lutar pela democracia e contra o fascismo", declarou.

Haddad recordou ainda que como ministro da Educação do governo Lula trabalhou ao lado de Marina Silva e Henrique Meirelles. Os dois receberam pouco mais de 1% dos votos no primeiro turno.

O esforço de aproximação pode ser tardio, pois durante o primeiro turno "Haddad se esqueceu muito do centro, que é fundamental", afirma André César, da consultoria Hold de Brasília.

"Sem o centro não se ganha uma eleição e não se governo, então (Haddad) precisa deste apoio já. São três semanas, uma campanha curtíssima, e também tem que pensar na governabilidade, estabelecendo compromissos com estes setores", completa.

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