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Bolsonaro e Haddad consolidaram votos onde já eram fortes

Na média, os 20% que ganham mais de cinco salários mínimos deram a Bolsonaro 56% de seus votos, e apenas 13% a Haddad

Bolsonaro e Haddad: no dia 4, a três dias da eleição, Bolsonaro fez um esforço final de conquista do eleitorado do Nordeste (Montagem/Exame)

Bolsonaro e Haddad: no dia 4, a três dias da eleição, Bolsonaro fez um esforço final de conquista do eleitorado do Nordeste (Montagem/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de outubro de 2018 às 11h57.

São Paulo - A onda que deixou o candidato Jair Bolsonaro (PSL) a poucos pontos da vitória no primeiro turno se concentrou em Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste - ou seja, nos últimos dias da campanha, ele avançou mais em áreas onde já liderava com grande vantagem. Com o petista Fernando Haddad, que também cresceu na reta final, ocorreu o mesmo: o ex-prefeito ganhou mais eleitores onde já era mais forte: no Nordeste.

Na véspera da eleição, o candidato do PSL tinha 41% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, considerado apenas o universo dos votos válidos. O levantamento do Ibope de boca de urna, divulgado às 19h do dia da votação de primeiro turno, indicou que ele havia crescido para 45%. O resultado oficial foi 46%. Haddad apareceu com 25% na véspera, 28% na boca de urna e 29% na apuração oficial.

Bolsonaro teria vencido com maioria absoluta dos votos se não fossem as mulheres. Nos segmentos masculino e feminino ele teve, respectivamente, 51% e 40% dos votos. A maior diferença no padrão de votação, porém, não se deu na segmentação por gênero, mas por renda.

Os ocupantes do topo e da base da pirâmide social votaram de maneira oposta. Na média, os 20% que ganham mais de cinco salários mínimos deram a Bolsonaro 56% de seus votos, e apenas 13% a Haddad. O placar se inverteu (48% a 28% para o petista) entre os mais pobres, com renda de um salário mínimo ou menos.

Haddad não apenas venceu nos segmentos de menor renda e escolaridade - estes foram os segmentos nos quais sua taxa de intenção de voto mais avançou entre a véspera e o dia da votação.

Para mapear os movimentos do eleitorado nas últimas 72 horas antes do início da votação, o Estadão Dados analisou pesquisas do Ibope feitas em cada um dos 26 Estados e no Distrito Federal, além do levantamento nacional, divulgado na véspera, e o relatório detalhado da pesquisa de boca de urna.

No dia 4, a três dias da eleição, Bolsonaro fez um esforço final de conquista do eleitorado do Nordeste, a única região em que aparecia em desvantagem nas pesquisas. Ele deu entrevista a uma rádio do Recife e usou o Twitter para mandar mensagens aos nordestinos. A ofensiva, porém, teve efeito limitado.

A comparação das últimas pesquisas estaduais do primeiro turno com o resultado final mostra que o Nordeste foi a região onde a onda bolsonarista menos avançou. Em alguns Estados, como Bahia, Maranhão e Piauí, ele ficou estagnado. Na Paraíba, chegou a recuar um pouco.

Mas houve crescimento forte em quase todo o Sudeste - a exceção foi Minas Gerais. Em São Paulo, Bolsonaro ganhou 12 pontos entre a divulgação da pesquisa de véspera e o resultado final. No Espírito Santo e no Rio, o avanço foi de 14 e 9 pontos, respectivamente.

O candidato do PSL teve crescimento quase homogêneo na véspera e no dia da votação no Sul. O avanço foi de 9, 10 e 11 pontos no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina, respectivamente. Fenômeno parecido aconteceu em quase todo o Centro-Oeste. Em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Bolsonaro cresceu 8 pontos entre quinta-feira e domingo.

Estratégia. Haddad também focou no eleitorado nordestino às vésperas da votação. O plano inicial era concentrar a agenda da reta final no Sudeste, mas o candidato voou para a Bahia na sexta-feira, temendo que o adversário crescesse no Nordeste e decidisse a eleição no primeiro turno.

Apesar dos temores, foi o petista quem avançou no Nordeste na etapa final. Na Bahia, ele aparecia com 44% na última pesquisa Ibope, mas acabou recebendo 60% na urna. Também houve saltos no Piauí (14 pontos) e no Maranhão (12). Na Bahia, no Piauí e no Maranhão, três governadores aliados de Haddad - Rui Costa (PT), Wellington Dias (PT) e Flávio Dino (PCdoB) - foram reeleitos no primeiro turno e podem ter ajudado no impulso final do petista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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