Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 14h47.
O ex-presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quinta-feira, 20, a denúncia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) o aponta como líder de uma organização criminosa que tentou um golpe de Estado. Ele afirmou que segue "tranquilo" e minimizou as acusações.
"Alguns falam que gente mais preparada que eu. Tem, aqui tem algumas dezenas, mas com o couro mais grosso que eu ninguém tem. Para você denunciar uma pessoa não precisa de 500 páginas. Quem fala muito não tem o que mostrar", disse Bolsonaro. "Estou tranquilo. É o golpe da Disney. Estava lá (nos EUA) com o Pato Donald e o Mickey e tentei dar o golpe de 8 de janeiro aqui".
O ex-presidente acrescentou que não está se importando com uma eventual prisão, caso a denúncia seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ele seja condenado posteriormente:
"O tempo todo (dizem): "Vamos prender Bolsonaro". Caguei para prisão. A turma que devolveu R$ 5 bilhões em delação premiada não tem nenhum preso".
Ele foi notificado pessoalmente nesta quarta-feira, enquanto estava na sede do PL em Brasília, sobre o prazo que terá para apresentar sua defesa após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que analisa a denúncia da PGR sobre uma trama golpista, deu prazo de 15 dias para todos os denunciados se manifestarem.
A PGR sustenta que o ex-presidente participou de uma trama golpista para se perpetuar no comando do Poder Executivo e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas também foram acusados de participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A denúncia foi oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será apreciada pela Primeira Turma da Corte após ser liberada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
A nota da defesa do ex-presidente diz ainda que ele "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam" e que acredita que a "denúncia não prevalecerá por sua precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos que a sustentem perante o Judiciário".
De acordo com a acusação, ele cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. O ex-presidente foi apontado como o líder do grupo.
A investigação lista provas que, para a PGR, comprovam que ele analisou e pediu alterações no texto de uma minuta golpista. Entre as propostas aventadas nesse texto estava a possibilidade de prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Conforme as apurações, Bolsonaro pediu para retirar os nomes de Gilmar e Pacheco da minuta.
A prisão das autoridades faria parte de um plano para interferir nas eleições de 2022 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, na visão de Bolsonaro, teria tomado decisões "inconstitucionais" em desfavor dele. Neste contexto, as Forças Armadas seriam acionadas e agiriam como um "poder moderador", com o objetivo de reverter o resultado eleitoral.