Bolsonaro: "O Senado vai sabatiná-lo e vai decidir. Se for aprovado, vai. Se não for aprovado, fica na Câmara", disse o presidente (Paladinum2/Wikimedia Commons)
Reuters
Publicado em 16 de julho de 2019 às 14h33.
Última atualização em 16 de julho de 2019 às 14h37.
Brasília - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que de sua parte está definida a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira nos Estados Unidos, mas que se seu filho não for aprovado pelo Senado, ele seguirá na Câmara.
"Da minha parte está definido, conversei novamente com ele acho que anteontem, há interesse. Sim, ele fica preocupado, acha que é uma tremenda responsabilidade", disse o presidente ao sair da reunião do Conselho de Ministros, no Palácio do Alvorada.
"Se tiver argumentos contrários que não for isso chulo que se fala por aí, estou pronto... não é nepotismo, tem uma súmula do STF nesse sentido, e pensamento meu é Brasil", continuou.
Demonstrando incômodo com as críticas, Bolsonaro voltou a defender a formação e o preparo do filho e disse que sua intenção é se aproximar cada vez mais dos EUA.
"Alguns dizem que é para se dar bem. Se eu fosse um mau caráter estaria indicando ele para um desses ministérios que tem dezenas de bilhões de orçamento, e não é essa a intenção. A intenção é nos aproximarmos cada vez mais de um país que tem a economia mais prospera do mundo para que possamos juntos andar de mãos dadas", defendeu.
A possível nomeação de Eduardo Bolsonaro como embaixador nos EUA causou perplexidade no Itamaraty e foi criticada nas redes sociais, inclusive por apoiadores do presidente e de seu filho, que não tem formação de diplomata.
Mas o presidente tem defendido a nomeação e disse não se preocupar com desgaste para o governo se Eduardo tiver seu nome vetado pelo Senado.
"Esquece desgaste. Se a decisão for essa, o Senado vai sabatiná-lo e vai decidir e ponto final. Se for aprovado, vai. Se não for aprovado, fica na Câmara", afirmou.
Mais cedo, ao falar com apoiadores que o esperavam na frente do Alvorada, o presidente já havia defendido Eduardo, inclusive sobre o deputado ter trabalhado em uma lanchonete nos EUA.
"Eduardo é meu filho. Fala inglês, fala espanhol, tem uma vivência internacional muito grande. E frita hambúrguer também, tá legal?", disse Bolsonaro, fazendo referência a uma declaração do próprio filho sobre experiência de ter morado nos EUA.
Aos jornalistas, o presidente explicou que Eduardo trabalhou porque ele não tinha condições de bancá-lo para morar naquele país. Já no Planalto, ao responder uma apoiadora, Bolsonaro disse que Eduardo "já era para estar nos EUA há muito tempo", mas voltou ao Brasil a seu pedido.
"Agora está tendo uma chance de voltar não por ele, mas dado o relacionamento que temos com o presidente americano e dada a sua bagagem cultural que tem lá de trás", argumentou.
Em entrevista, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) confirmou que aceitaria a indicação e renunciaria ao mandato caso fosse indicado oficialmente.
Questionado sobre a falta de experiência para ocupar o cargo e possível caso de nepotismo se for realmente indicado para o cargo, Eduardo Bolsonaro defendeu seu currículo.
"Tenho um trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos EUA, no frio do Maine, no frio do Colorado, aprimorei meu inglês, vi como é o trato receptivo do americano com os brasileiros", disse.
Na segunda-feira, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro ainda avaliava a indicação do filho para a embaixada brasileira em Washington, e defendeu que a indicação é "legalmente viável".