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Bolsonaro diz que não é possível garantir que não haverá apagões

Brasil enfrenta a maior crise hídrica dos últimos 90 anos, com diversas usinas hidrelétricas operando muito abaixo do ideal

 (Marcos Corrêa /PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 12h39.

Última atualização em 28 de setembro de 2021 às 12h44.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não é possível garantir que o país não passará por um apagão de energia nos próximos meses, apesar de estudos do governo apontarem que o fornecimento regular estará garantido.

"Não posso garantir isso para você", disse Bolsonaro ao ser perguntado se o risco de apagão estava descartado, em entrevista à rádio Jovem Pan. "Estudos que nós temos é de que não vai faltar [energia]."

Bolsonaro voltou a pedir, na entrevista na noite de segunda-feira, que a população "apague um ponto de luz", disse que toma banho frio e que mandou desligar o aquecimento da piscina do Palácio da Alvorada.

O Brasil enfrenta a maior crise hídrica dos últimos 90 anos, e a seca afeta diretamente o fornecimento de energia, com diversas usinas hidrelétricas operando muito abaixo do ideal. O governo federal passou a tomar diversas medidas para minimizar o risco de apagão, com a religação de usinas termelétricas, que produzem energia mais cara.

No entanto, até agora não foram adotadas outras medidas para redução do consumo, além de pedidos de contribuição voluntária de consumidores e empresas.

O aumento da energia é uma das causas do aumento da inflação, que já chegou aos dois dígitos nos últimos 12 meses. Bolsonaro, no entanto, tentou dividir o custo com os governadores e os governos anteriores.

"A falta de chuva, lógico, foi uma paulada na gente. E também a questão do ICMS. Se cobra em cima de bandeira", afirmou.

Segundo o presidente, o ICMS — imposto cobrado pelos governos estaduais — incide também sobre a bandeira vermelha, a taxa extra cobrada pela necessidade de se usar energia de termelétricas. Além disso, diz, parte do reajuste feito este ano derivaria de uma decisão tomada em 2012, pelo governo de Dilma Rousseff, de reduzir o custo da energia para a população.

Bolsonaro disse ainda que o programa de vale gás, que pretende distribuir um botijão a cada dois meses para os beneficiários do Bolsa Família, está "quase pronto", mas depende de "recursos da Petrobras".

"E a Petrobras, eu não mando nela", disse.

No mesmo dia em que disse ter conversando com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre formas de reduzir o preço dos combustíveis, Bolsonaro afirmou que não tem como interferir na Petrobras.

"A Petrobras tem uma série de normas, de leis, tem conselhos. É uma batalha difícil lá dentro, é completamente, vamos dizer, vigiada a Petrobras. Tem ações na bolsa fora do Brasil, eu não posso interferir lá", disse.

No fim da tarde de segunda, o diretor-executivo de comercialização e logística, Cláudio Mastella, disse que a Petrobras está avaliando elevar preços de combustíveis em suas refinarias, reconhecendo que "pontualmente" os valores estão defasados ante o mercado internacional.

Durante uma rara coletiva de imprensa junto ao presidente da petroleira estatal, Joaquim Silva e Luna, os executivos da companhia frisaram que não houve mudanças na política de preços e que a companhia continua a seguir indicadores internacionais, mas evitando a volatilidade externa.

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