Bolsonaro e Mandetta: presidente e ministro discordam sobre medidas de isolamento social para conter o coronavírus (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 2 de abril de 2020 às 20h56.
Última atualização em 3 de abril de 2020 às 09h33.
O presidente Jair Bolsonaro disse na noite desta quinta-deira que nenhum de seus ministros são indemissíveis. Bolsonaro falava da atuação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quando disparou:
"Olha, o Mandetta já sabe que a gente esta se bicando há algum tempo. Não pretendo demiti-lo no meio da guerra. Em algum momento ele extrapolou. Respeitei todos os ministros, ele também. A gente espera que ele dê conta do recado. Tenho falado com ele. Ele está numa situação meio... Se ele se sair, bem, sem problema. Nenhum ministro meu é indemissível", disse Bolsonaro, em entrevista a rádio Jovem Pan.
Bolsonaro disse que, "em algum momento", Mandetta teria que "ouvir um pouco mais o presidente da República".
"Ele (ministro) tem responsabilidade, sim. Ele cuida da Saúde, o Paulo Guedes cuida da Economia, e eu entro aqui no meio para cuidar das duas áreas", disse.
Em seguida, reforçou não ter nenhum problema com o ministro da Economia, "mas o Mandetta quer fazer a vontade dele muitas vezes". E emendou:
"Pode ser que ele esteja certo", disse, reforçando,no entanto, que "falta humildade" ao ministro da Saúde.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar os governadores que estão pondo em prática medidas de isolamento social para tentar conter a disseminação do novo coronavírus. Ele mencionou os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e Wilson Witzel (PSC), diversas vezes e declarou que eles agem com motivação política para tirá-lo do cargo.
"Eu apelo aos governadores e prefeitos que revejam as suas posições. Comecem a abrir (o comércio). Não é pra abrir imediatamente, mas vai abrindo devagar. Todo dia tem no Alvorada aqui pessoas desesperadas. Isso é triste".
Após a fala do presidente, Mandetta disse que está trabalhando e não viu a entrevista do presidente.
"Não achei nada, não. Não estou sabendo de nada não. Estou trabalhando aqui".
Questionado sobre se não queria responder, disse apenas:
"OK, vamos trabalhar. Lavoro, lavoro, lavoro (trabalho, em italiano)".