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Bolsonaro diz que Brasil não tem intenção de intervir na Venezuela

No Chile, presidente voltou a repetir que "todas as opções estão na mesa", mas afirmou que não é intenção do governo utilizar da força no país vizinho

Bolsonaro durante viagem ao Chile (Courtesy of Chilean Presidency/Handout/Reuters)

Bolsonaro durante viagem ao Chile (Courtesy of Chilean Presidency/Handout/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 23 de março de 2019 às 09h15.

Em viagem a Santiago (Chile), o presidente Jair Bolsonaro reiterou o interesse do Brasil em estreitar relações com Chile, elogiou o presidente chileno, Sebastián Piñera, por sua liderança e ressaltou que não há intenção de intervir militarmente na Venezuela, que vive intensa crise política, econômica e social.

As declarações foram concedidas durante entrevista exclusiva ontem (22) à TVN/24 horas, emissora pública de televisão chilena. A íntegra da entrevista, pouco mais de cinco minutos, em vídeo foi disponibilizada, mas não é possível ouvir o presidente em português.

"Eu conheci Piñera no episódio dos mineiros [quando os 33 trabalhadores ficaram presos em uma caverna e foram resgatados com vida, na gestão anterior de Piñera, em 2010] em que demonstrou liderança", disse Bolsonaro. "O Chile é muito importante porque é o nosso segundo aliado comercial, atrás da Argentina."

O presidente foi ao Chile para participar do lançamento do Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul). O acordo foi assinado ontem (22) na presença de oito presidentes da região, em Santiago.

Venezuela

Bolsonaro relembrou a conversa sobre a crise na Venezuela que teve no começo da semana com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em que o norte-americano disse que "todas as possibilidades estavam sobre a mesa". Porém, o presidente brasileiro afirmou que o Brasil não trabalha com a hipótese de intervenção militar na Venezuela.

"Não se mencionou a palavra 'militar'", afirmou o presidente referindo-se à conversa com o norte-americano. "O Brasil não tem qualquer pretensão de ingressar militarmente na Venezuela", disse Bolsonaro, destacando que parte do diálogo com o Trump não será revelada porque se trata de questões estratégicas.

Questionado sobre a atuação da ex-presidente chilena Michelle Bachelet como alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Bolsonaro fez elogios, mas sugeriu que adote uma posição mais forte sobre a crise venezuelana. "[Michelle Bachelet] tem uma política muito parecida com a nossa, que é a defesa dos direitos humanos. Acredito que ela precisa ter uma posição mais contumaz e ela deve se expressar ainda mais sobre essa questão. Precisa de um pouco mais de força."

Críticas

Questionado sobre as críticas de adversários sobre posições discriminatórias contra homossexuais, mulheres e imigrantes, Bolsonaro afirmou que um deve ser "feliz como quiser". Segundo ele, se tais posições dele fossem verdadeiras, não poderia ter sido eleito no ano passado.

"Isso não é verdade", ressaltou o presidente. "Eles [os adversários políticos] me acusam de muitas coisas que eu não gosto de mulheres, negros ou gays, se alguém age assim, como poderiam votar em mim?", reagiu.

Em relação às informações sobre diferenças de salário entre homens e mulheres, Bolsonaro afirmou que não são procedentes. "Nossa lei trabalhista garante igual realidade para homens e mulheres", disse. "Eu acho que isso não é verdade, um recebe seu salário pelo seu nível profissional e temos uma grande expressão de mulheres trabalhadoras."

Questionado sobre o movimento feminista, o presidente disse que não aceita a imposição de ideias de grupos em escolas e na formação dos estudantes. "O que não posso permitir é que certos ativistas busquem impor esses comportamentos nas escolas, às crianças de cinco anos", ressaltou. "Esse tipo de comportamento não será mais admitido no Brasil."

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