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Bolsonaro diz não ter visto agressão em protesto e culpa "infiltrados"

Presidente comparou a agressão sofrida por jornalistas à atuação da polícia para garantir o isolamento social no combate ao coronavírus no país

Bolsonaro: durante protesto, presidente disse que "não tem mais conversa" e que Constituição será cumprida "a qualquer preço" (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Bolsonaro: durante protesto, presidente disse que "não tem mais conversa" e que Constituição será cumprida "a qualquer preço" (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 4 de maio de 2020 às 09h58.

Última atualização em 4 de maio de 2020 às 20h37.

 O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (04) em uma rede social que não viu as agressões cometidas por pessoas que o apoiam contra jornalistas durante manifestação em frente ao Palácio do Planalto no domingo e responsabilizou "possíveis infiltrados" pelos ataques.

Em publicação no Facebook, Bolsonaro reclamou da cobertura dada ao fato pelo programa Fantástico, da TV Globo, e comparou a agressão sofrida por repórteres e fotojornalistas que cobriam a manifestação --que teve entre suas bandeiras ataques ao Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)-- à atuação da polícia no cumprimento de ações determinadas por autoridades locais para garantir o isolamento social durante a pandemia de coronavirus.

"Também condenamos a violência. Contudo, não vi tal ato, pois estava nos limites do Palácio do Planalto e apenas assisti à alegria de um povo que, espontaneamente, defendia um governo eleito, a democracia e a liberdade", escreveu o presidente, que classificou a manifestação como "pacífica", apesar das agressões a jornalistas registradas em imagens.

"Agora, não vi, em dias anteriores a TV Globo sair em defesa de uma senhora e filha que foram colocadas a força dentro de um camburão por estarem nadando em Copacabana, outra ser algemada por estar numa praça em Araraquara (SP) ou um trabalhador também ser algemado e conduzido brutalmente para uma DP no Piauí."

Autoridades locais fecharam praias, praças e parques para garantir o distanciamento social --criticado por Bolsonaro, mas preconizado pela Organização Mundial de Saúde como ferramenta fundamental para frear a disseminação do coronavírus. Já a atividade jornalística foi considerada essencial durante a pandemia em decreto editado pelo presidente.

Na manifestação de domingo, quando novamente houve aglomeração contrariando orientações de saúde para conter a covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus que já infectou mais de 101 mil pessoas no Brasil e matou mais de 7 mil, Bolsonaro disse que chegou "ao limite" e que "não tem mais conversa"."Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla mão, não é de uma mão de um lado só não", afirmou.

As agressões, que incluíram chutes, socos e empurrões contra profissionais dos jornais Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, acontecem depois de, no sábado, apoiadores do presidente agredirem fisicamente um cinegrafista da RIC TV, afiliada da TV Record em Curitiba, que cobria manifestações durante o depoimento do ex-ministro da Justiça Sergio Moro na Superintendência da Polícia Federal no Paraná.

Na sexta-feira, durante o feriado do Dia do Trabalho, profissionais de saúde que faziam um ato em Brasília para chamar atenção para a morte de colegas que morreram no combate à pandemia, também foram agredidos fisicamente por apoiadores de Bolsonaro.

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