Jair Bolsonaro: "Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro" (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de março de 2020 às 14h07.
Última atualização em 10 de março de 2020 às 14h14.
São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (10) que desafia que se encontre "um brasileiro que confie" no processo eleitoral do País, sem dar qualquer informação ou detalhes sobre as acusações que fez na véspera de que houve fraude nas eleições de 2018, que o fizeram presidente da República.
"Eu quero que você me ache um brasileiro que confie no sistema eleitoral brasileiro", respondeu Bolsonaro nesta terça a jornalistas sobre a sua hipótese de que houve fraude. Questionado, então, se ele mesmo não confia na Justiça Eleitoral Bolsonaro elevou o tom de voz e afirmou "Não é na Justiça, não deturpe as minhas palavras, não façam essa baixaria que a imprensa sempre faz comigo".
A resposta foi parte da única interação de Bolsonaro com jornalistas em toda a visita a Miami, que durou quatro dias. Perguntado se apresentaria provas de sua acusação, ele encerrou a entrevista, que durou menos de dois minutos.
O presidente também não explicou como sua desconfiança com o "sistema eleitoral" não contempla um questionamento à Justiça Eleitoral. A organização do processo eleitoral no Brasil - que inclui a organização das eleições, da votação, a apuração e divulgação dos votos e a diplomação dos eleitos - é atribuição da Justiça Eleitoral.
Na segunda-feira, 9, em evento com apoiadores em Miami, Bolsonaro disse ter provas de que venceu a eleição no primeiro turno.
A fala do presidente reacendeu a estratégia de colocar em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral, um discurso utilizado pelo próprio Bolsonaro na campanha de 2018. Em setembro de daquele ano, Bolsonaro afirmou que as eleições daquele ano poderiam resultar em uma "fraude" por conta da ausência do voto impresso.
As declarações do então candidato levaram a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber, a dar uma rara declaração pública e afirmar que as urnas eletrônicas são "absolutamente confiáveis" desde a sua implantação, em 1996.