Jair Bolsonaro: "O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem comprovação ainda" (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de outubro de 2020 às 10h43.
Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 12h12.
O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta segunda-feira que seria mais fácil e barato investir em uma cura para a Covid-19 do que em uma vacina, e voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação científica para combater a doença.
Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o desenvolvimento de vacinas leva tempo e não há motivo para "correr em cima dessa (contra a Covid-19)."
"Eu dou minha opinião pessoal: não é mais barato e fácil investir na cura que na vacina? Ou jogar nas duas mas também não esquecer a cura?", defendeu. "Eu sou um exemplo. Eu tomei cloroquina, outros tomaram ivermectina outros tomaram Annita... e pelo que tudo indica todo mundo que tomou precocemente uma das três alternativas aí foi curado."
Nenhum dos três medicamentos citados pelo presidente têm eficácia comprovada cientificamente contra Covid-19. Annita, nome comercial do vermífugo nitazoxanida --medicamento mais recente a entrar na lista dos indicados por Bolsonaro--, mostrou algum sucesso na redução da carga viral, de acordo com estudo feito no Brasil, mas não teve impacto nos sintomas da doença.
Depois de obrigar o Ministério da Saúde a suspender a compra da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, com a cooperação do Instituto Butantan, na semana passada, o presidente defendeu, nesta segunda, que o governo não pode correr para comprar uma vacina.
"O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem comprovação ainda", afirmou.
Apesar das declarações de Bolsonaro desta segunda, o presidente assinou em agosto uma medida provisória que destina 1,9 bilhão de reais para a compra de doses e posterior produção local da potencial vacina contra Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Bolsonaro disse ainda que irá conversar nesta segunda com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre as vacinas e sobre o risco de judicialização dessa questão no país. Já foram apresentadas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) tanto para que o governo federal seja obrigado a apoiar a compra e a distribuição de quaisquer vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outra que exige a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19, quando for registrada.
Bolsonaro, assim como o Ministério da Saúde, tem defendido que a vacina não será obrigatória. No sábado, o presidente publicou uma foto ao lado de seu cachorro Faísca, em que dizia: "Vacina obrigatória só aqui no Faísca".
"Hoje (segunda) vou estar com ministro Pazuello para tratar desse assunto, porque temos uma jornada pela frente onde parece que foi judicializada essa questão e eu entendo que isso não é questão de Justiça, é questão de saúde. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar vacina, isso não existe", afirmou