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Bolsonaro critica Venezuela e volta a elogiar ditadura militar e Ustra

Ele afirmou que resgatou a "honra de um grande coronel do Exército", em referência a Brilhante Ustra, militar condenado por sequestro e tortura no regime

Jair Bolsonaro: presidente criticou a Venezuela e falou sobre socialismo no Brasil (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente criticou a Venezuela e falou sobre socialismo no Brasil (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 18h22.

Última atualização em 2 de outubro de 2019 às 18h51.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira, 2, que "mais importante" do que "resgatar a liberdade e paz na Venezuela" é colaborar para que países vizinhos não se aproximem daquilo que vive "nosso querido povo venezuelano". "Brasil, peço a Deus. Não flerte mais com o socialismo", disse.

O presidente afirmou ainda que a Venezuela é "a prova viva" de que as Forças Armadas decidem se haverá ou não "liberdade e democracia". "Quem mantém a ditadura venezuelana são as suas forças armadas", disse.

O presidente discursou em cerimônia sobre a Nova Fase da Operação Acolhida, que promove assistência a refugiados venezuelanos que migram para o Brasil. No evento, foram assinado dois documentos: um de criação de fundo privado de doações ao programa acolhida e outro de protocolo de intenções para incentivar municípios a acolherem refugiados.

No discurso, Bolsonaro voltou a elogiar a ditadura militar brasileira (1964-1985). Ele afirmou que resgatou a "honra de um grande coronel do Exército", em referência a Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante o regime.

O presidente disse ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, presente no evento, que muitos dos críticos do coronel estão presos em Curitiba "graças à coragem" dele.

Ditadura e tortura

O presidente tem um longo histórico de defesa da ditadura e da tortura ao longo da sua carreira política.

Em um café da manhã com jornalistas estrangeiros em julho, Bolsonaro afirmou que a jornalista Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a Guerrilha do Araguaia e que mentiu sobre ter sido torturada.

Miriam foi militante do PCdoB, onde atuou em atividades de propaganda, e nunca se envolveu na luta armada. Ela foi presa e torturada, grávida, aos 19 anos, no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória.

No mesmo mês, atacou o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, morto pela ditadura militar brasileira, com informações falsas.

Em entrevista à rádio Jovem Pan em junho de 2016, o então deputado federal Bolsonaro disse que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”.

Em maio de 1999, na TV Bandeirantes, Bolsonaro disse que na ditadura “deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique, o que seria um grande ganho para a Nação”.

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