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Bolsonaro critica Enem e diz que prova deve cobrar conhecimentos úteis

Presidente disse que o Exame Nacional do Ensino Médio não deveria tratar assuntos que possam influenciar os jovens futuramente

Bolsonaro: presidente eleito classificou a prova como um "vexame" (Youtube/Band/Reprodução)

Bolsonaro: presidente eleito classificou a prova como um "vexame" (Youtube/Band/Reprodução)

AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de novembro de 2018 às 21h50.

Última atualização em 10 de novembro de 2018 às 14h01.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, criticou hoje (5) o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e considerou a prova realizada ontem (4) como um "vexame" e uma "doutrinação exacerbada". Em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, na TV Band, Bolsonaro afirmou que a questão ideológica é grave no país que precisa ser enfrentada.

"Tão mais grave que a corrupção é a questão ideológica no Brasil, que está muito arraigada por parte de alguns aqui em nossa pátria e você tem que lutar contra isso. Até a própria prova do Enem, é um vexame você ver o que é uma prova do Enem, o que mede conhecimento, por exemplo, essa primeira parte realizada no domingo passado, ou seja, uma doutrinação exacerbada", declarou Bolsonaro.

O presidente disse ainda que o Enem deveria cobrar "conhecimentos úteis" para a sociedade em vez de tratar de assuntos que possam influenciar os jovens futuramente. "Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de gays e travestis não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse por esse assunto", afirmou.

Mais cedo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), também criticou o Exame. Em sua conta no Twitter, o filho do presidente eleito compartilhou um comentário pejorativo sobre uma das questões em que havia um texto sobre "o dialeto secreto" usado por gays e travestis. "Aviso que não é requisito para ser ministro da educação saber sobre dicionário dos travestis ou feminismo", escreveu Eduardo Bolsonaro.

A pergunta, no entanto, não cobrava dos estudantes o conhecimento sobre o vocabulário dos gays e travestis, mas trazia um texto de apoio sobre o tema e questionava quais as características técnicas para que uma linguagem seja considerada um dialeto.

O deputado ainda recomendou aos estudantes que eles estudem o que os deixarão aptos para a vida. "Prezados estudantes, quando vocês forem ser entrevistados para um emprego ou estiverem abrindo um empreendimento aviso: sexualidade, feminismo, linguagem travesti, machismo e etc terão pouca ou nenhuma importância. Portanto, estude também o que lhe deixará apto para a vida", escreveu Eduardo Bolsonaro.

O deputado também compartilhou um post que chama o Enem de "bizarro" e defende a aprovação do projeto que quer instituir, a chamada Escola sem Partido.

Enem

A prova aplicada ontem (4) teve questões de linguagem, ciências humanas e redação, que abordaram temas como direitos humanos, racismo, ditadura militar e violência contra a mulher. O tema da redação foi "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet". O conteúdo da prova teve boa repercussão entre especialistas e professores.

O segundo dia de provas do Enem será realizado no próximo domingo (11). Na segunda etapa, os estudantes farão questões de ciências da natureza e matemática.

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