Correios: após o anúncio no Planalto, Floriano Peixoto afirmou que trabalhará para fortalecer os indicadores financeiros dos Correios e evitou falar em privatização (Elza Fiuza/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de junho de 2019 às 12h17.
Brasília - Defensor da privatização dos Correios, o presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta sexta-feira, 21, que a venda da estatal não depende apenas da vontade do Planalto, pois precisa da aprovação do Congresso Nacional. Ele confirmou que o general Floriano Peixoto deixa o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência para assumir a empresa a partir de segunda-feira, dia 24.
"(A privatização dos Correios) Não depende da gente, depende do Congresso. Está no radar, mas o trabalho de Peixoto é recuperar os Correios", afirmou Bolsonaro. Ele afirmou que, dentre as "missões" do general à frente da estatal, estaria inclusive tentar reverter o rombo do fundo de pensão dos funcionários da empresa. "Tentaremos suprir o que foi retirado dos funcionários dos Correios nas péssimas administrações passadas", completou o presidente.
Após o anúncio no Planalto, o general Floriano Peixoto afirmou que trabalhará para fortalecer os indicadores financeiros dos Correios e evitou falar em privatização. "Como isso acontecerá, cabe ao presidente da República. Minha missão é continuar a desenvolver a empresa", respondeu.
Peixoto esclareceu que a sua saída da Secretaria-Geral da Presidência não ocorreu devido a desentendimentos, mas por comum acordo com Bolsonaro. "Presidir os Correios me enche de satisfação, pelo grau de confiança do presidente", declarou.
Ele confirmou ainda que as conversas para assumir a estatal começaram ainda na semana passada e evitou comentar os motivos que levaram à demissão do ex-presidente dos Correios, o também general Juarez de Paula. "A saída do general Juarez é questão entre ele e o presidente da República", limitou-se a responder.
Mais cedo, o governo editou uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU) com a exoneração de Floriano Peixoto do cargo de ministro da Secretaria-Geral, que passará a ser ocupado pelo major da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Antonio de Oliveira Francisco. Jorge Oliveira vai acumular o novo cargo com a função de subchefe de Assuntos Jurídicos, que já exercia desde o início do governo de Bolsonaro.
Lorenzoni
O presidente negou hoje durante a entrevista coletiva à imprensa a possibilidade de o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixar o governo. Lorenzoni está tranquilo e vai continuar conosco, afirmou Bolsonaro, poucos dias depois de promover mudanças na articulação política.
Bolsonaro decidiu tirar das mãos de Lorenzoni a articulação e passá-la ao general Luiz Eduardo Ramos, que ocupa a Secretaria de Governo. Em troca, Bolsonaro passou para o ministro a coordenação do Plano de Parceria de Investimentos (PPI), programa responsável pelas concessões de infraestrutura e por tocar privatizações.
"Onyx está fortalecido com o PPI", afirmou Bolsonaro. "Todo mundo joga junto aqui", acrescentou. O presidente brincou ainda que a Secretaria de Governo, a Secretaria Geral e a Casa Civil funcionam como "fusíveis", em que os titulares se queimam para "não queimar o presidente".
Aparelhamento
Durante a coletiva, Bolsonaro também voltou a afirmar que, ao assumir, pegou o governo aparelhado, "com pessoas com ideologia diferente de democracia e liberdade". De acordo com Bolsonaro, alguns ministros escolhidos por ele também "não se adequaram a algumas questões".
A respeito das críticas feitas na imprensa pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido na semana passada da secretaria de governo, Bolsonaro afirmou que "não tem nada a falar contra Santos Cruz". De acordo com o presidente, "às vezes um excelente jogador de vôlei não dá certo no basquete".
À revista Época, Santos Cruz havia afirmado que a gestão de Bolsonaro é um "show de besteiras".
O presidente afirmou ainda que busca cumprir, no governo, aquilo que prometeu durante a campanha eleitoral. "Quando montamos o governo, por inexperiência nossa, demos funções que não deram certo", reconheceu Bolsonaro. Ele citou ainda que o conselho de políticos não deu certo, nasceu "natimorto".