Moro: A curva negativa perdeu fôlego e o apoio ao ministro da Justiça se reforçou (Ricardo Matsukawa/ Veja.com/VEJA)
Clara Cerioni
Publicado em 11 de junho de 2019 às 18h42.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 16h23.
São Paulo — Assim que o site de notícias The Intercept revelou na noite de domingo (09) uma série de mensagens privadas entre o ex-juiz federal, Sergio Moro, e o procurador responsável pela Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se mobilizaram no Twitter em defesa dos envolvidos.
Em um primeiro momento, a estratégia adotada foi atacar o mensageiro, no caso o portal e também o jornalista responsável pelas revelações, o americano Glenn Greenwald.
Houve citações hostis ao fato de que ele é casado com David Miranda, deputado federal pelo PSOL que assumiu o cargo após a saída de Jean Wyllys, enquanto o outro campo rebateu que o jornalista é vencedor do prêmio Pulitzer e já foi chamado de "renomado" pelo próprio Deltan em 2016.
Segundo um levantamento da agência de monitoramento digital AP/Exata, contudo, depois houve uma mudança na maré da reação à crise por parte dos bolsonaristas.
Uma análise numérica de publicações, entre os dias 7 e 11 de junho, mostra uma inversão na polaridade de sentimentos, com pico negativo acentuado na manhã desta segunda-feira (10).
Já nas últimas horas desta segunda-feira (10) e na manhã desta terça-feira (11), os bolsonaristas mudaram a narrativa e passaram a ignorar o mérito das revelações e defender a atuação da Operação Lava Jato.
De fato, a estratégia foi observada pelos usuários do Twitter nesses últimos dois dias. No dia seguinte às reportagens, as hashtags #VazaJato e #MoroCriminoso ficaram entre os assuntos mais comentados da rede social. Na noite de ontem, se destacaram a #EuApoioaLavaJato e #EuToComOMoro.
Alguns exemplos podem ser vistos na conta da deputada federal Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, e Do senador Álvaro Dias, candidato à Presidência no ano passado.
Os fatos.
1-Celulares de @SF_Moro e turma da Lava-Jato são hackeados.2- Informações privadas das vítimas aparecem no @theintercept, site esquerdista até a medula.
3- o “marido” do dono do site é suplente de @jeanwyllys_real e ganhou a vaga numa operação obscura. Entenderam?
— Joice Hasselmann🇮🇱 (@joicehasselmann) June 10, 2019
Sérgio Moro é o grande ministro do governo Bolsonaro. Não há qualquer razão para a sua demissão, como quer a marginália. #EuApoioALavaJato #ADComunicação pic.twitter.com/jYD26VRxkS
— Alvaro Dias (@alvarodias_) June 10, 2019
De acordo com a análise da AP/Exata, um dos argumentos citados como suposta motivação para os vazamentos do The Intercept seria a intenção de prejudicar o andamento da reforma da Previdência.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez essa mesma sugestão durante um evento: “Não é coincidência que estoura essa bombinha toda hora. Toda hora estoura uma vendo se paralisa a marcha dos eventos”, disse.
A ideia também ganhou eco no Twitter:
Não se enganem. Esses vazamentos são estratégicos. O MPF quer minar o governo para não termos reforma da previdência.
— Bruno Zangari (@magranza7) June 10, 2019
https://twitter.com/angelfcunha/status/1138424845526609921
A cada etapa que a reforma da previdência avançar, vão ocorrer os vazamentos da @TheInterceptBr .
Vão fazer aos poucos.
Tem muita gente com medo de perder privilégios no país.
— Daniel K Burman (@DKBurman) June 10, 2019
O relator da reforma da Previdência na Comissão Especial, Samuel Moreira, marcou a entrega do seu parecer para quinta-feira (13).
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