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Bolívia busca renegociar preço do gás que vende ao Brasil

O ministro boliviano de Hidrocarbonetos e Energias, Franklin Molina, disse que o acordo "prejudica a Bolívia" e "gera prejuízos econômicos para a YPFB", empresa estatal de hidrocarbonetos

Dutos da unidade de processamento de gás natural no pólo industrial de Guamaré (Agência Petrobras/Reprodução)

Dutos da unidade de processamento de gás natural no pólo industrial de Guamaré (Agência Petrobras/Reprodução)

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AFP

Publicado em 26 de maio de 2022 às 16h46.

A Bolívia tenta renegociar seu contrato com o Brasil para a venda de gás natural, com o objetivo de aumentar seu preço, apesar das críticas do presidente Jair Bolsonaro.

"Nós tentamos de forma escrita e formal pedir a renegociação do contrato com a Petrobras", a estatal brasileira, disse o ministro boliviano de Hidrocarbonetos e Energias, Franklin Molina, citado em um comunicado nesta quinta-feira, 26.

No entanto, "a resposta não foi a que se esperava", acrescentou o funcionário. Essas declarações ocorreram após o anúncio, na terça-feira, de que o país andino havia reduzido o volume de gás natural enviado ao seu vizinho, o que Bolsonaro chamou de "orquestrado".

"A Bolívia cortou 30% do nosso gás para entregar para a Argentina", disse o presidente, em relação a um acordo assinado em abril entre os dois países para o comércio desse recurso. "O gás, se tiver que comprar de outro local, é cinco vezes mais caro. Quem vai pagar a conta?", acrescentou Bolsonaro, um dia depois de demitir o recém-nomeado presidente da Petrobras, em meio a repetidas altas do preço do combustível.

O governo da Bolívia, por sua vez, acusa o governo interino da direitista Jeanine Áñez (2019-2020) como responsável de um adendo ao contrato assinado em março de 2020.  Para Molina, o acordo "prejudica a Bolívia" e "gera prejuízos econômicos para a YPFB", empresa estatal de hidrocarbonetos.

Além disso, enquanto a Petrobras paga a Bolívia entre 6 e 7 dólares por milhão de BTU de gás, as empresas privadas Compass e Totalenergies Brasil estariam dispostas a pagar de 15 a 18 dólares pelo mesmo volume, afirmou o ministro.

A Argentina, por outro lado, compra o gás boliviano a um preço médio de 12 dólares por milhão de BTU, um terço do preço internacional do gás natural liquefeito.

Segundo especialistas, a Bolívia pode ter que pagar multas milionárias por descumprir o contrato com o Brasil, como aconteceu em 2018. No entanto, se for comprovado que a Petrobras ignorou um suposto pedido de renegociação, o caso pode acabar em arbitragem.  O Brasil consome cerca de 60% do gás natural exportado pela Bolívia, segundo dados oficiais.

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