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Boff diz que Dilma deve fazer jogo equilibrista

Teólogo assinou um abaixo-assinado no qual cobra da presidente coerência entre o discurso de campanha e práticas de governo


	Dilma Rousseff: Boff se reuniu por cerca de uma hora e meia com a presidente no Palácio do Planalto
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: Boff se reuniu por cerca de uma hora e meia com a presidente no Palácio do Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2014 às 18h18.

Brasília - Depois assinar um abaixo-assinado no qual cobra da presidente Dilma Rousseff coerência entre o discurso de campanha e práticas de governo, o teólogo Leonardo Boff disse nesta quarta-feira que a presidente "deve fazer um jogo equilibrista" na indicação dos novos ministros do segundo mandato.

Boff se reuniu por cerca de uma hora e meia com Dilma no Palácio do Planalto, em audiência acompanhada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Frei Betto e representantes do Grupo Emaús também participaram da conversa.

"A presidenta deve tomar as decisões que ela acha as mais adequadas, especialmente considerando certas conjunturas e também a pressão violenta que os mercados sofrem, prejudicando a política, prejudicando o curso das coisas. Ela deve fazer um jogo equilibrista e é isso que a política na sua essência é", disse Boff a jornalistas, após o encontro no Planalto. 

"(A política) É fazer o possível dentro de uma certa correlação de forças, então, eu respeito as decisões dela, as apoio, mas como intelectual e como cidadão, me reservo a distância de poder fazer críticas. E ela diz 'eu quero as críticas'."

Boff foi um dos intelectuais de esquerda e representantes de movimentos sociais que, após apoiarem a reeleição de Dilma, assinaram um abaixo assinado online no qual cobram da presidente "coerência entre discurso de campanha e práticas de governo".

O ex-secretário do Tesouro e executivo do banco Bradesco Joaquim Levy, indicado para o Ministério da Fazenda, e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), escolhida para a Agricultura, são os principais alvos do texto.

"Há reticência sobre certos nomes, que nos preocupam. Mas, por outro lado, sabemos que ela (Dilma) tem uma mão firme, não se deixa conduzir. Ela conduz, o que nos dá uma certa tranquilidade", minimizou o teólogo.

Questionado pelo Broadcast Político se não há contradição na indicação de Joaquim Levy - após a campanha de Dilma acusar a rival Marina Silva (PSB) de ser subserviente aos bancos, por conta do seu programa de governo ser coordenado pela educadora Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú -, Boff desconversou.

"Eu não quero julgar porque, primeiro, nem é certo que sejam nomeados. Tudo está em discussão ainda. E nós não discutimos isso, não quero falar sobre coisas que não discutimos", disse.

Durante a audiência, Boff entregou à presidente uma carta na qual pede que seja reforçado "um modelo econômico mais social e popular".

O grupo também pede uma auditoria da dívida pública, a realização da reforma agrária e a imposição de restrição a transgênicos e agrotóxicos.

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