Nos últimos anos, o banco estatal tem ampliado sua atuação, concedendo mais empréstimos a empresas brasileiras (Divulgacao)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2010 às 20h55.
Miami - O governo brasileiro deve reduzir sua ajuda na formação de conglomerados em setores estratégicos, agora que investidores privados parecem dispostos a assumir mais riscos, disse na sexta-feira o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Nos últimos anos, o banco estatal tem ampliado sua atuação, concedendo mais empréstimos a empresas brasileiras para ajudá-las a resistir à crise global e levando alguns analistas a questionar o impacto disso para a trajetória fiscal do país em médio e longo prazos.
Os créditos do BNDES atualmente representam mais de um quarto dos empréstimos concedidos no país, e uma parte expressiva deles se destina a grandes companhias nacionais com forte atuação no exterior, como a Petrobras e a empreiteira Odebrecht.
"Ajudamos a consolidar setores em que o Brasil tinha uma vantagem competitiva e grandes empresas", disse Coutinho à Reuters.
"O que estamos vendo agora é que os bancos privados estão olhando ao seu redor para a promoção da internacionalização das empresas brasileiras. Entendo que os mercados irão liderar esse movimento a partir de agora."
Coutinho disse que o BNDES e o governo já estão preparando medidas para promover o crédito de longo prazo no setor privado, depois do adiamento dos planos iniciais, neste ano, devido à necessidade de capitalizar a Petrobras.
"No ano que vem, já nos preparamos para abrir espaço aos mercados de capitais e aos bancos privados", afirmou.
O Tesouro brasileiro capitalizou o BNDES em cerca de 180 bilhões de reais nos últimos 18 meses, tomando empréstimos com juros de mercado, em torno de 11 por cento, e concedendo créditos mais baratos, com juros ao redor de 6 por cento.
Isso provocou um debate sobre se o banco não estaria pressionando o crédito do setor privado.
A previsão para este ano é de que o BNDES desembolse a quantia recorde de 144 bilhões de reais, um aumento de 5 por cento em relação a 2009, apesar das promessas do governo de que iria reduzir a concessão de crédito.
Coutinho disse que o aumento foi inferior ao de anos anteriores.
"O fato continua sendo de que o investimento exige uma maior atividade financiadora e que temos de fornecê-la", afirmou.
"Há um desafio de como fornecer suficiente crédito e financiamento para aumentar a escala dos investimentos."