Dilma: comportamento de blindar Graça é de "conivência" e de "cumplicidade", disse vice-líder do PSDB (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 16h20.
Brasília - Lideranças da oposição afirmaram na tarde desta segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff entrará no centro da crise de corrupção que envolve a Petrobras ao ter saído em defesa hoje da presidente da estatal, Maria das Graças Foster.
Em entrevista exibida ontem (21) pelo programa "Fantástico", da TV Globo, a ex-gerente executiva de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca disse ter alertado pessoalmente Graça Foster, quando a executiva máxima da companhia era diretora de Gás e Energia.
Venina disse ter informado "a todas as pessoas que podiam fazer algo" sobre irregularidades verificadas por ela na estatal.
Em café da manhã com jornalistas esta manhã, Dilma afirmou ser um "absurdo" fazer acusações sem mostrar provas e deu a entender que a presidente da Petrobras não soube com antecedência dos desvios na estatal.
A empresa tem sustentado que Graça só teve conhecimento dos alertas de Venina em novembro e não desde 2009, como tem defendido a ex-gerente.
Para o vice-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), o comportamento da presidente de blindar Graça é de "conivência" e de "cumplicidade" com o esquema de corrupção na estatal.
"Essa blindagem compromete a presidente, ela é reveladora de um fato: Dilma também tinha conhecimento de tudo e o constrangimento em afastar a Graça é porque, afastando-a, ela (Dilma) também deveria ser afastada (da Presidência). A Dilma também sabia", afirmou Dias.
O líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), afirmou que o apoio de Dilma a Graça mostra que a presidente atestou e puxou para si "todas as denúncias e atos de corrupção da Petrobras".
"Consequentemente, tudo o que feito de errado na empresa tem a bênção de Dilma. Todos os crimes descobertos tem agora de ser respondidos diretamente pela presidente da República", disse Caiado, eleito senador.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse ser muito estranho a insistência da presidente em manter a atual diretoria, que está desmoralizada.
"Esse comportamento da presidente Dilma expressa todo o descrédito de uma empresa jogada em um verdadeiro mar de desvios e irregularidades. Qual missão a diretoria está cumprindo? Quem estão querendo proteger o que estão escondendo?", questionou parlamentar.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), chamou de "piada pronta" o fato de a presidente ter dito, em entrevista neste final de semana a um jornal chileno, que o país não vive uma crise de corrupção.
Ele defendeu que a próxima legislatura do Congresso, que se inicia em fevereiro, crie uma nova CPI para aprofundar as investigações das denúncias que envolvam a Petrobras.
Lideranças da oposição querem ouvir, nessa nova comissão, Venina Velosa da Fonseca.