Brasil

Blatter usará renda da Copa como arma para se reeleger

O resultado financeiro recorde da Copa deve ser usado por Blatter para ganhar amigos - e votos - para sua própria eleição


	Blatter: ele vai distribuir "duplo bônus" para cada as federações nacionais
 (Fabrice Coffrini/AFP)

Blatter: ele vai distribuir "duplo bônus" para cada as federações nacionais (Fabrice Coffrini/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2014 às 13h28.

São Paulo - O presidente da Fifa, Joseph Blatter, vai usar a renda obtida pela Copa do Mundo no Brasil para ganhar amigos - e votos - para sua própria eleição.

Nesta terça-feira, o dirigente vai anunciar que, diante de um resultado financeiro recorde, ele vai distribuir "um duplo bônus" para cada uma das 209 federações nacionais, as entidades que justamente votam nas eleições para a presidência da Fifa.

Ele ainda prometeu novos assentos para cartolas na Fifa e até lugares a mais na Copa para regiões desfavorecidas.

Nesta terça, a entidade dá início ao seu Congresso anual, permeada por escândalos de corrupção e uma intensa disputa de poder. O evento, porém, não contará com a presidente Dilma Rousseff, que estava sendo esperada para abrir o congresso.

Na segunda-feira, Blatter atacou a oposição e a imprensa, alertando que "querem destruir a Fifa".

Blatter tem o apoio de quatro das seis confederações regionais para as eleições que ocorrem em 2015, mas que tem o início de sua campanha nesta terça.

Em reuniões com todas as confederações, a promessa é de que cada cartola sairá da Copa com mais dinheiro. "Como é que eu posso os recompensar", disse Blatter aos países da Oceania, arrancando gargalhadas.

A Fifa vai ter uma renda recorde com a Copa, superando a marca de US$ 4,5 bilhões. "Nossas finanças estão seguras e poderemos pagar dois bônus", disse.

Essa não é a primeira vez que Blatter se utiliza dos cofres da entidade para fazer amigos. Em 2010, na Copa da África do Sul, ele também levantou a assembleia ao anunciar um total de US$ 100 milhões distribuídos entre todas elas.

"Talvez vamos dar um valor mais alto agora", disse. "Vocês concordam com isso? Gostam disso?", questionou. Logo depois, foi irônico com as confederações regionais. "Não chorem, vocês também vão receber", disse.

Ele deixou claro que mais de 90% de sua renda vem da Copa. "Por isso é importante que ela seja um sucesso. Vai ser um sucesso. Não pode ser de outra forma", declarou.

BARGANHAS - Mas distribuir mais dinheiro não é a única promessa de Blatter para ganhar votos. Nesta terça, ele prometeu que estudaria a possibilidade de que a Oceania tivesse um país na Copa do Mundo. "Seria algo lógico", disse.

Blatter, momentos antes, também fez a mesma promessa para a Concacaf, a entidade que se ocupa do futebol da América do Norte, Central e Caribe.

Quem deixou claro que não aceitará perder um espaço é a Conmebol. Na última segunda-feira, seu presidente, Eugenio Figueiredo, voltou a defender que a região sul-americana tenha "4 vagas e meia" (quatro diretas por meio das Eliminatórias Sul-Americanas e uma decidida por meio da repescagem contra um representante de outro continente).

A pressão fica sobre os europeus, com 13 seleções em um torneio de 32 seleções.

Apesar de prometer dinheiro e vagas, Blatter insiste que não está em campanha. "Todos falam de eleições. Não há eleição neste ano", disse. Mas confirmou, embora ainda não oficialmente, que é candidato.

"Meu mandato que começou em 1998 agora chega ao final. Mas nossa missão não terminou. Se vocês votarem por mim, vou ser honesto, ainda tenho fogo, mais do que nunca", completou.

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEsportesFifaFutebolJoseph Blatter

Mais de Brasil

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social

Polícia argentina prende brasileiro condenado por atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado