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Bispo que presidiu ato com Lula diz que aceitaria convite de novo

D. Odilo Scherer, que comandou homenagem à Marisa Letícia, foi questionado se não estava misturando religião com política

Ato: os bispos estão analisando a situação política do País e vão publicar uma nota oficial da CNBB no contexto da crise (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Ato: os bispos estão analisando a situação política do País e vão publicar uma nota oficial da CNBB no contexto da crise (Rovena Rosa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de abril de 2018 às 14h56.

Aparecida - "Estamos vivendo um momento esquizofrênico", disse nesta quarta-feira, 11, ao jornal O Estado de S. Paulo, o cardeal arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, depois de ter relutado a comentar a repercussão de comentários seus sobre o ato religioso celebrado no sábado em memória de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, quando afirmou que se estava misturando religião com política.

D. Odilo resiste a falar à imprensa sobre o assunto em Aparecida, onde participa da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), inaugurada nesta quarta-feira, 11, mas gravou uma entrevista para o serviço italiano da RádioVaticano, na qual falou sobre a condenação e prisão de Lula.

O cardeal afirmou que, embora o presidente tenha realizado obras positivas no governo, ele se envolveu também em questões que precisam ser esclarecidas.

O bispo d. Angélico Sândalo Bernardino, emérito de Blumenau e ex-auxiliar de São Paulo, que presidiu o ato religioso à porta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, voltou a dizer que ele e outros participantes - padres católicos e pastores evangélicos - se retiraram antes do discurso de Lula no mesmo local.

D. Angélico também evita tocar no assunto, mas a quem pergunta ele responde que celebrou o ato convite por ser amigo do ex-presidente. "Se voltasse a ser convidado, aceitaria o convite de novo", garantiu.

Lula

Os bispos estão analisando a situação política do País e vão publicar uma nota oficial da CNBB no contexto da crise, mas o texto não abordará explicitamente questões pontuais, como a prisão de Lula.

"A Assembleia Geral não vive na lua e tem os olhos voltados para a realidade que vivemos", disse em entrevista coletiva o arecebispo de Mariana, d. Geraldo Lyrio da Rocha.

O presidente da Comissão da Pastoral de Comunicação Social, d. Darci Niciolli, arecebispo de Diamantina, acredita que a nota só será divulgada na próxima semana, após exaustiva discussão dos bispos. Em sua opinião, deveria ser publicada logo. O enfoque serão as eleições de outubro.

O tema central da Assembleia Geral é a formação do presbíteros. Segundo o arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler, a discussão se restringirá a propostas de atualização das diretrizes para a formação dos seminaristas e padres.

Os bispos não levantarão temas como a ordenação de padres casados e a admissão de mulheres como diaconisas, sacerdotisas e bispas - questões em ebulição na Igreja, em vários países. No Brasil, propõe-se ordenar homens casados para suprir a falta de padres em regiões como a Amazônia.

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