Deputados: "Afinal, não são os senhores e senhoras que representam o povo brasileiro? Acho que esse cuidado temos que ter cada vez mais" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2016 às 18h34.
Brasília - O Bispo Auxiliar da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, deu um puxão de orelha em alguns deputados após uma missa realizada nesta quinta-feira, 28, na sede da entidade em Brasília.
O motivo foi a sessão da Câmara que autorizou o impeachment de Dilma Rousseff.
A chamada "missa dos parlamentares", que é realizada mensalmente, foi prestigiada desta vez pelos deputados Esperidião Amin (PP-SC), Rôney Nemer (PP-DF), Flavinho (PSB-SP), Gorete Pereira (PR-CE), entre outros, além do senador catarinense Dário Berger (PMDB).
Ao final, dom Leonardo deixou uma bronca aos parlamentares. Ele criticou a sessão que autorizou o processo de impeachment, em que os deputados defenderam seu voto por diferentes razões, inclusive em nome de Deus.
Ele pediu mais cuidado dos parlamentares com a palavra e os questionou sobre seus papéis. "Afinal, não são os senhores e senhoras que representam o povo brasileiro? Acho que esse cuidado temos que ter cada vez mais."
Dom Leonardo também fez uma referência direta à manifestação do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que homenageou o Coronel Brilhante Ustra, reconhecido pela Justiça como torturador no período de ditadura militar.
"Ode a um torturador? Isso não é ser cristão. Não existe nenhum valor que possa ser colocado diante de uma afirmação como essa, feita em plenário", disse dom Leonardo.
Em seguida, ele se desculpou com os parlamentares por tocar no assunto. "Os senhores me desculpem por colocar essa questão, mas isso realmente me inquieta, como bispo, como cristão, me inquieta como brasileiro."
O bispo também falou sobre a resistência que a população tem criado com a classe política e sobre um "movimento forte na sociedade brasileira não apenas contra o político, mas contra a política".
Para finalizar o sermão, dom Leonardo pediu que todos se unissem. "Temos que nos dar as mãos e trabalhar", disse ao puxar uma "Ave Maria", que foi acompanhada pelos deputados.