Dilma Rousseff: "Estamos com mais de 200 votos que estão sendo trabalhados não só com partidos, mas com seguimentos de interesse" (Ueslei Marcelino / Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2016 às 18h38.
Brasília - O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou nesta quarta-feira, 13, que vários partidos da base têm posicionamento interno e que, agora, está na reta final das negociações para impedir o impeachment.
Segundo ele, o governo tem procurado deputado por deputado, caso por caso.
"Reunimos líderes, não só grupos formais, mas pessoas que são referência na Câmara", disse em entrevista coletiva após a cerimônia de assinatura que autoriza investimentos no porto de Paranaguá. Para o ministro, o governo tem 200 votos e conseguirá barrar o impeachment na Câmara.
"Estamos convencidos que teremos votos suficientes para barrar o golpe e construir bases para o governo", afirmou.
Ele relatou ainda que houve, inclusive, uma rápida conversa de deputados com a presidente. Berzoini afirmou que há uma preocupação com a estabilidade do País, para quando esse momento for superado.
"Estamos com mais de 200 votos que estão sendo trabalhados não só com partidos, mas com seguimentos de interesse. A presidente já está fazendo o corpo a corpo. Está procurando pessoas que querem ouvir e vamos continuar com esse trabalhão até domingo", explicou.
Berzoini afirmou que ainda não há decisão fechada se o governo entrará com ação judicial questionando a denúncia ou o processo de impeachment na Câmara.
"Se houver algo, podemos evidentemente tomar qualquer decisão sobre isso, mas até o momento não há decisão tomada", relatou.
"Há partidos e parlamentares avaliando se há algo a questionar. Essa é uma questão que será tomada entre hoje e amanhã", afirmou.
Questionado se o governo tem negociado com verbas e cargos e se essa é a linguagem que o Congresso entende, Berzoini afirmou que o Legislativo entende muitas linguagens, "inclusive o da improcedência do pedido de impeachment que todos sabem que só foi aceito por sentimento de vingança do presidente da Câmara".
Ele classificou o processo como eleição indireta e não como uma forma de apurar crime de responsabilidade.
Ele afirmou que está recompondo a base, para, depois de vencer o processo no domingo, retomar com uma nova base. Ele disse que o governo está tendo uma conversa direta e transparente com os parlamentares "no sentido de mostrar que não podemos brincar com a democracia".
O ministro ainda foi questionado se reabriria o diálogo com o vice-presidente Michel Temer depois de passado o processo de impeachment, caso o governo vença.
"Quando se fala em ampla união, se fala em quem quer diálogo, mas isso (diálogo com Temer) não é favorável neste momento", ponderou.
"Não vejo limitação de diálogo com Temer, desde que preservados os princípios de respeito e sinceridade de propostas", afirmou.
O ministro ainda criticou a reunião do PMDB que levou ao desembarque do governo, disse que a decisão foi tomada em poucos minutos e que isso dividiu o partido, sendo que seis ministros do PMDB ainda permanecem no governo mesmo depois de determinação da legenda.
Ele relatou que os três ministros que são deputados voltam para a Câmara para fazer o enfrentamento político.
Ele ainda frisou que não há problema de compor uma base de apoio sem a participação formal do PMDB e lembrou que, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele tinha votos do partido, mesmo sem a sigla fazer parte da base aliada. "Há sim condições de governabilidade", garantiu.
Ele ainda negou que o governo tenha acelerado a liberação de emendas parlamentares e disse que existe o Orçamento Impositivo, que obriga a liberação desses recursos.
Ele argumentou que parte das emendas tinha problemas técnicos e que durante todo o ano parlamentares têm sido recebidos para que essas liberações possam ocorrer da forma mais transparente.
Berzoini ainda se negou a comentar o que alguns estão classificando de traição por parte do PSD, de Gilberto Kassab, que é ministro de Cidades e disse que a bancada é soberana quanto à decisão de votar a favor ou contra o impeachment.