Bebianno: Secretário afirmou que não vai pedir demissão (José Cruz/Agência Brasil)
Beatriz Correia
Publicado em 15 de fevereiro de 2019 às 21h56.
Última atualização em 2 de julho de 2019 às 18h37.
O secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, não aceitou um convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o comando de uma estatal, afirma reportagem do jornal O Globo. A medida teria sido sugerida em reunião com Jair Bolsonaro como forma de apaziguar situação de crise gerada no governo após denúncias de que Bebianno participou de esquema de candidaturas "laranjas" no PSL durante as eleições.
A permanência do secretário foi negociada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzonni, mas o presidente não aceitou e quis rebaixar Bebianno de cargo, que não aceitou a proposta. O assunto continua a ser discutido no fim de semana, afirma reportagem. O Planalto não deu informações sobre o status do auxiliar.
Bebianno participou de reunião com Onyx e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno nesta sexta-feira (15) e, só no final, ficou a sós com o presidente. Envolvido nas denúncias, o secretário entrou em um processo de fritura no governo no início desta semana, começado por Carlos, mas reforçado pelo pai.
Em entrevista ao Globo, na terça-feira, para mostrar que não havia crise no governo por conta das denúncias, Bebianno afirmou que havia conversado três vezes com Bolsonaro. No dia seguinte, Carlos usou sua conta no Twitter para negar as conversas e chamou Bebianno de mentiroso.
Na quinta-feira, o ministro disse a um parlamentar da base aliada se sentir injustiçado. Segundo essa fonte, que preferiu falar sob anonimato, o ministro estava convicto de que não tinha motivos para deixar o cargo, uma vez que, a seu juízo, não haveria o que responder por recursos usados por candidatos a deputado nos Estados na época em que cuidava exclusivamente, como presidente do partido, da campanha do presidente.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou para o risco de o caso contaminar as discussões sobre a reforma da Previdência e defendeu a permanência de Bebianno no governo.
Os militares também entraram em campo para tentar amenizar a crise. Porta-voz do grupo, o vice-presidente, em entrevista à Reuters, afirmou que agora, recuperado, Bolsonaro precisaria dar um "ordem unida na rapaziada" --ou seja, nos três filhos, Flávio, Eduardo e Carlos.
"O que ocorre é que compete ao presidente chamar os filhos e dizer: 'olha, fulano atua no Senado, sicrano na Câmara dos Deputados e o outro na Câmara de Vereadores. Façam lá esse trabalho de apoio às ideias do governo'", disse o vice-presidente, ecoando a posição dos ministros militares.