Para consultor, BC só chega a liquidar um banco quando percebe que não há reversão para sua situação (João Ramid/Veja)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2010 às 19h56.
São Paulo - O ex-funcionário do Banco Central (BC) e atual consultor da Tendências Consultoria Márcio Nakane disse nesta quarta-feira, 10, que o Banco Central sempre opta por medidas que preservem um banco e os seus depositantes em caso de deterioração da saúde econômica e financeira da instituição.
Foi isso, na avaliação dele, que deve ter levado a autoridade monetária a não intervir ou liquidar o Banco Panamericano. De acordo com o consultor, o Banco Central só chega a liquidar um banco quando percebe que não há reversão para sua situação.
Perguntado se não era o caso de o Banco Central ter detectado os problemas financeiros do Panamericano antes, Nakane respondeu: "Se tem problema de fraude, e as pessoas envolvidas estão acostumadas a isso, elas conseguem esconder os problemas até mesmo do Banco Central". Ele frisou que não está ainda comprovada a ocorrência de fraude no caso do Panamericano. "Eu estou comentando com você com base no que eu li", disse ao jornalista.
Sobre o fato da Caixa Econômica Federal ter comprado participação no Panamericano em dezembro de 2009, o consultor disse que problemas de gestão do dia a dia acabam passando desapercebidos.
Ele explicou que outro fator que desestimula uma intervenção do BC ou uma liquidação de um banco com problemas financeiros é a própria morosidade judicial. "Veja o caso do Banco Santos, por exemplo, que até hoje não foram resolvidos os problemas", afirmou.
Além disso, o economista observou que todo banco tem auditoria do BC, mas até a autoridade monetária detectar em uma "fumaça" o tamanho do que foi "queimado", há uma distância muito grande.