Para bancos privados, a previsão de crescimento das operações caiu de 22% em 2010 para 14% em 2011 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 12h30.
São Paulo - Instituições financeiras públicas devem continuar liderando o aumento dos empréstimos no próximo ano. Projeção apresentada hoje pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, mostra que o ritmo de crescimento da carteira de crédito dos bancos públicos deve cair da taxa de 22% esperada para 2010 para 15% no próximo ano.
Mesmo com a queda, a velocidade deve ser maior que a registrada nas instituições privadas nacionais. Para esse conjunto de bancos, a previsão de crescimento das operações caiu de 22% em 2010 para 14% em 2011, ou seja, em ritmo menor que o dos públicos no próximo ano. Para bancos estrangeiros, a velocidade de expansão dos financiamentos recuou de 13% neste ano para 12% no primeiro ano do governo de Dilma Rousseff.
Altamir explica que a liderança dos públicos deve continuar graças aos volumes expressivos de empréstimos tomados por empresas, nas operações de crédito direcionado - já que o número contempla também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Há muitos desembolsos já contratados e que serão liberados em breve. Há, ainda, volumes expressivos de rolagem de empréstimos contratados anteriormente", afirmou Altamir.
PIB
Um dia depois de anunciar a previsão de que a relação entre o total de crédito e o PIB deve atingir 48% em 2010, o Banco Central ajustou para baixo a previsão para o indicador. Altamir Lopes anunciou hoje que a estimativa foi ajustada para 47% do PIB. Segundo ele, a revisão aconteceu após a atualização dos dados do PIB. Para 2011, porém, os números não sofreram alteração e foi mantida a estimativa de que o patamar do crédito deve fechar o próximo ano em 50% do PIB.
Custo de captação
Altamir também divulgou hoje dados que sinalizam que as medidas anunciadas pela equipe econômica no início do mês já podem estar fazendo efeito no custo de captação das instituições financeiras. Segundo dados preliminares, o custo de captação pago pelos bancos aumentou 0,4 ponto porcentual na comparação com novembro, para 11,6% ao ano em 9 de dezembro. Esse aumento pode estar acontecendo porque, com o aumento do depósito compulsório, há menor volume de recursos disponível no mercado, o que eleva o custo desse dinheiro às instituições. "O compulsório pode afetar indiretamente o custo de captação, via curva de juros futuros", explica Altamir.
No início de dezembro, o spread médio do crédito livre seguiu trajetória contrária e caiu 0,5 ponto, para 23,1 pontos porcentuais. "Já a exigência de capital maior não afeta a curva de juros. Isso afeta o spread. Era de se esperar algum aumento, mas ainda não afetou", diz Altamir.
Como resultado do maior custo de captação e queda do spread, o juro médio praticado no início do mês caiu 0,1 ponto, para 34,7% ao ano. Em 9 de dezembro, o total das operações de crédito livre havia crescido 2,1% na comparação com o fim de novembro.