Renan Calheiros: o líder do PMDB afirmou que as diferenças que têm tido com o presidente são de ordem do "encaminhamento" das políticas públicas apresentadas pelo governo (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 6 de abril de 2017 às 20h25.
Brasília - Um dos principais críticos da agenda de econômica do governo no Congresso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), divulgou nesta quinta-feira uma nota em que diz que os recuos do presidente Michel Temer na reforma da Previdência mostram que é possível mudar o regime "sem seguir a conta do mercado..., sem empobrecer o Nordeste e sem penalizar os trabalhadores".
"Bastava ter ouvido antes", concluiu o curto comunicado do ex-presidente do Senado.
Hoje, pela primeira vez e sob pressão de não ter votos suficientes de ver a matéria avançar no Congresso, Temer autorizou que o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), promovesse mudanças em cinco pontos da reforma, como as regras de transição.
Renan tem feito uma série de críticas nos últimos dias ao que considera dureza da reforma da Previdência promovida pelo governo Temer, seu correligionário.
À Reuters, Renan não quis responder às declarações que Temer fez a uma rádio hoje no qual disse que "não pode brigar com quem não é presidente da República".
O líder do PMDB afirmou que as diferenças que têm tido com o presidente são de ordem do "encaminhamento" das políticas públicas apresentadas pelo governo.
Ele disse que o papel do PMDB é "qualificar" essas políticas, como o caso de cobrar mudanças na reforma da Previdência.
"O PMDB e o governo são entidades diferentes, cada um tem o seu papel. Nem o PMDB deve contaminar o governo nem o governo asfixiar o partido", disse.
O senador minimizou a articulação de Temer para isolá-lo dentro da bancada - a maior do Senado com 22 dos 81 senadores - tendo conversas individuais com os parlamentares.
"É bom porque supre esse vazio ruim que é não conversar", disse Renan.
Ele negou que tenha subido o tom das críticas porque estaria em dificuldades para se reeleger no próximo ano e, por isso, buscaria se descolar de um governo impopular.
Ele disse que 2018 só deve ser discutido em 2018 e que não dá para antecipar esse debate.