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Barroso diz em Londres que brasileiro é "viciado" em Estado

"A presença excessiva do Estado gera a cultura de favorecimento e está por trás do loteamento de cargos públicos, por exemplo", citou ministro do STF

Ministro Luís Roberto Barroso: "Ainda temos elites extrativistas que se apropriam do espaço publico para repartir, entre si, loteamentos" (Carlos Moura/SCO/STF/Divulgação)

Ministro Luís Roberto Barroso: "Ainda temos elites extrativistas que se apropriam do espaço publico para repartir, entre si, loteamentos" (Carlos Moura/SCO/STF/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2018 às 16h36.

Última atualização em 7 de maio de 2018 às 08h36.

Londres - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso avaliou neste sábado, 05, na capital britânica, que o Brasil sofre de "oficialismo", "patrimonialismo" e "desigualdade" e que essas três disfunções ajudam a atrasar o avanço da história do país.

Sobre o oficialismo, ele disse que há uma grande dependência do Estado na vida brasileira, que se trata, de acordo com ele, de um verdadeiro vício. Barroso participa da terceira edição do Brazil Forum UK, evento realizado anualmente em Londres e Oxford.

"Qualquer projeto depende do financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), da Caixa, do prefeito, do governador.... Temos que expandir a sociedade e reduzir essa dependência", defendeu durante participação da terceira edição do Brazil Forum UK, evento realizado anualmente em Londres e Oxford. "A presença excessiva do Estado gera a cultura de favorecimento e está por trás do loteamento de cargos públicos, por exemplo", citou.

Em relação ao patrimonialismo, o ministro argumentou que a herança da formação ibérica brasileira deixou como legado a incapacidade de o brasileiro separar o público do privado. "Acho que ainda não superamos inteiramente no Brasil e está na origem de muitos problemas que temos. Ainda temos elites extrativistas que se apropriam do espaço publico para repartir, entre si, loteamentos", considerou.

A terceira disfunção apresentada pelo magistrado foi a desigualdade. "Embora tenhamos avanços, ainda vivemos no país a crença de que existem superiores e inferiores e cada um vai em busca de seu próprio privilégio. Cada um quer sua imunidade tributária, seu auxilio moradia, seu foro privilegiado e sua prisão especial", mencionou durante o evento em que foi nomeado presidente de honra. "Homenagem boa é assim, em vida."

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