Policiais na UPP Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro: é visto como positivo o fato da UPP ter trazido mais liberdade à movimentação dos moradores,já que os cidadãos não têm mais tanto medo de tiroteios. (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Rio de Janeiro – As unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) representam um avanço para a vida dos moradores das favelas do Rio de Janeiro, mas o programa ainda tem alguns desafios a superar. A conclusão é de um estudo divulgado hoje (22) pelo Banco Mundial, realizado em quatro favelas do Rio de Janeiro, sendo três pacificadas.
O estudo entrevistou moradores das comunidades pacificadas de Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira-Babilônia e Borel, além de Manguinhos que, na época do estudo, em 2011, ainda não estava pacificada. Entre as conclusões da pesquisa, está a opinião dos moradores de que a integração da favela com o resto da cidade está lenta, mas gradualmente se concretizando.
Os entrevistados também destacam como positivo o fato da UPP ter trazido mais liberdade à movimentação dos moradores, na medida em que os cidadãos não têm mais tanto medo de tiroteios entre policiais e criminosos. Outro ponto positivo é o fato das crianças estarem menos expostas a ver criminosos ostentando armas.
A relação dos moradores com a polícia, no entanto, continua sendo problemática. Moradores relataram aos pesquisadores do Banco Mundial a ocorrência de abusos cometidos por policiais contra moradores, especialmente os homens jovens.
O estudo revela que os entrevistados temem uma supervalorização do preço dos imóveis nas comunidades, que obrigue os moradores a sair da favela, em um processo chamado pelo Banco Mundial de “remoção branca”. De acordo com a pesquisa, existe também receio em relação ao futuro do projeto, já que os moradores temem pelo que vai acontecer depois dos Jogos Olímpicos de 2016.
“Acho que o balanço geral é positivo. As pessoas entendem que tem uma mudança, mas é um processo gradual. Não se dá de um dia para outro. Ainda há desafios importantes, mas percebemos uma visão mais otimista”, disse o coordenador do estudo, Rodrigo Serrano Berthet.
No estudo, o Banco Mundial também conclui que, para o projeto ser bem sucedido, é preciso que o Estado entenda que cada favela tem seu próprio histórico. Algumas, por exemplo, conviviam mais com conflitos entre criminosos; outras eram mais vítimas de ações truculentas da polícia; enquanto outras sofriam com criminosos e policiais.
De acordo com o Banco Mundial, é preciso que o governo fluminense faça uma ampla reforma da segurança pública, além das UPPs e que deixe claro o que farão com os criminosos que fugiram das áreas ocupadas pela polícia e com as centenas de favelas que ainda não foram pacificadas.