A bancada evangélica do Paraná aponta para uma projeção de crescimento de oito para 12 deputados estaduais (Dálie Felberg/Alep/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de agosto de 2018 às 14h52.
Curitiba - Com uma projeção de crescimento de oito para 12 deputados estaduais - segundo o deputado Edson Praczyk (PRB) - a bancada evangélica do Paraná, que já havia crescido 30% da última legislatura para atual, aposta numa tendência do eleitorado paranaense a se apegar aos líderes religiosos em detrimento das escolhas ideológicas ou partidárias.
Essa margem, porém, é resultado, segundo o cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do fato de os partidos não terem a tradição de formar internamente novos quadros, líderes e militância. "Em nosso País, os partidos, não têm a tradição de formação de quadros, militâncias, nesse caso eles buscam pessoas com maior visibilidade dentro da sociedade e potencial eleitoral. Uma vez em alta no cenário político, o líder se apropria dos partidos e as igrejas aparecem como portas de entrada fora desse âmbito", analisou.
Após cinco mandatos consecutivos, o deputado estadual Edson Praczyk, ligado ao PRB e a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) não irá concorrer à reeleição, mas fez uma avaliação positiva dessa união dentro da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Nesta eleição, o PRB indicou por meio do Conselho, o Bispo Haroldo Martins a deputado federal e Alexandre Amaro (pastor) para Estadual. O deputado acredita que a bancada na Alep deva subir dos atuais oito (eram nove no começo da Legislatura) para 12.
"As pessoas ainda acreditam em algumas instituições como a Polícia Militar, os Bombeiros. E as Igrejas também gozam dessa credibilidade, onde existem pessoas que têm essa situação, crédito, como os pastores Edir Macedo, R.R. Soares e Silas Malafaia, entre outros. O PRB, que já elegeu Marcelo Crivella e José Alencar, é um dos partidos que mais concentram religiosos", disse. "Embora decepcionadas com a política, as pessoas precisam acreditar em algo, alguém que possa ascender ao poder e que torne as coisas menos difíceis para elas", analisou.
Na opinião da deputada Cláudia Pereira (PSC), que tenta a reeleição, a descrença do eleitor com a política, faz com que ele acredite mais em valores ligados à família. "A descrença do eleitor na política, fez com que os evangélicos, que são tidos como mais fervorosos na demonstração da sua fé e tementes aos princípios cristãos, tivessem a confiança daqueles que têm esperança de uma política melhor, esperando que seguirão, também na vida pública, o bom fundamento da Palavra de Deus. Infelizmente, não é falta de crença apenas na política, mas sim, no ser humano", afirmou.
Segundo ela, a bancada evangélica se fortalece nos temas que dizem respeito "à vida". "Os temas que envolvem os valores da família, respeito, a proteção e o direito a vida, por si só, unem a bancada evangélica", concluiu.
Para Cervi, a troca de apoios entre evangélicos e o primeiro mandato do ex-presidente Lula ajudaram nesse impulso. "Em 2003, com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, sem apoio do PMDB -o que lhe causaria problemas na Câmara Federal - , mas apoiado por José Alencar, seu vice e com trânsito entre as igrejas, os partidos médios e pequenos dominados pelos evangélicos garantem a maioria e se fortalecem."
No Paraná, além de Praczyk e Cláudia, a bancada evangélica na Alep conta com os deputados Artagão Júnior, Cantora Mara Lima, Evandro Araújo, Gilson de Souza, Missionário Ricardo Arruda e Jonas Guimarães.
No âmbito federal, levantamento feito pela Câmara indicava a presença de 15 deputados federais ligados às igrejas.