Michel Temer: o presidente foi denunciado por corrupção passiva (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de julho de 2017 às 17h11.
São Paulo - Às vésperas da votação que deve decidir o futuro político do seu governo, Michel Temer irá se encontrar com integrantes da Frente Parlamentar pela Agropecuária, mais conhecida como "bancada do Boi", que conta com 209 deputados - suficientes, por exemplo, para barrar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra ele por corrupção passiva (172 votos).
O deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), presidente da Frente, afirmou que um almoço com o presidente Temer está marcado para amanhã (terça-feira), na sede da Frente dentro do próprio Congresso.
"A ideia é falar de licenciamento ambiental e entregar um manifesto sobre os benefícios do Biodisel", conta.
"Claro, que, eventualmente, outras pautas e assuntos podem surgir", completa Leitão.
Até agora, a bancada tem sido atendida pelo governo federal. Temer destravou os principais pontos da chamada "Pauta Positiva" apresentada pela Frente.
Entre os itens da pauta, destaca-se a medida provisória que permite a legalização em massa de áreas públicas invadida, apelidada por ambientalistas de "MP da Grilagem" e o projeto que alterou os limites da Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.
"Embora a bancada não tenha fechado questão, acredito que boa parte vai votar contra a admissão da denúncia. É inegável que com Temer muitas pautas históricas defendidas pela bancada foram atendidas", disse Leitão, que vai voltar contra a denúncia.
O jornal O Estado de S. Paulo mostrou em reportagem neste domingo, 30, que 80% dos 213 deputados que não declararam publicamente como vão votar ao Placar do Estado pertencem a pelo menos uma das bancadas "BBB" (Boi, Bala e Bíblia), que se organizam para defender temas ligados ao agronegócio, à segurança pública e à religião.
Se na Frente Agropecuária Temer deve ter apoio da maioria, o mesmo não pode ser dito do partido de Leitão, o PSDB. Segundo o deputado, o PSDB deve ir à votação de quarta-feira "rachado".
"O partido vai dividido para essa votação. A expectativa é que tão logo essa questão seja superada, o PSDB comece a pensar em 2018. Acho que 2018, pelo menos para o PSDB, começa com o fim da votação de quarta-feira. Depois dela, precisamos nos reunir e definir nossos rumos".
Um dos primeiros passos, segundo Leitão, seria a escolha de um nome para a presidência do partido.
"Tasso Jereissati é um bom nome. Existe também a possibilidade de Marconi Perillo, o governador de Goiás. Teria muita simpatia por um presidente do Centro-Oeste", diz.