Microcefalia: a partir do resultado de um dos testes é possível avaliar se o bebê tem perda auditiva ou tumores do nervo auditivo (REUTERS / Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2016 às 16h10.
Salvador - Um mutirão sem filas e quase sem espera. Assim funciona o serviço prestado, nesta semana, para famílias de crianças com microcefalia, em Salavador, no Centro de Prevenção e Reabilitação do Portador de Deficiência (Cepred), da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia.
A diretora do Cepred, Normélia Quinto, explica que as famílias têm atendimento gratuito para testes de audição em crianças com a malformação.
Um desses testes é o Bera (Exame do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico), que avalia o funcionamento do nervo auditivo, desde a orelha interna até o córtex cerebral.
A partir do resultado é possível avaliar se o bebê tem perda auditiva ou tumores do nervo auditivo. Outro exame, o OEA (Otoemissão Acústica Evocada), também verifica a perda auditiva por meio de sonda colocada na orelha do bebê.
O aparelho capta se existem respostas sonoras produzidas pela cóclea (parte do ouvido) da criança.
Na unidade, em Salvador, famílias da capital, da região metropolitana e também do interior são atendidas, mas precisam agendar os horários, para que não aguardem muito tempo, já que os bebês precisam realizar o exeme enquanto dormem.
“Não queríamos filas, com crianças irritadas na espera. Temos dez crianças hoje pela manhã. Mais dez à tarde. O mesmo para o resto da semana. A gente não quer nada tumultuado, mas queremos garantir um bom resultado e estamos tendo", disse Normélia.
"Caso tenham [problema auditivo] serão encaminhadas para tratamento e, daqui a seis, meses vamos repetir os exames”, completou.
Atendimento
O pai e a avó da pequena Mariana, de dois meses, vieram da cidade de Jacobina, no interior da Bahia, para fazer os exames na criança, que nasceu com microcefalia. Para o pai de Mariana, Valber da Silva, o serviço precisa ser mais divulgado.
"Encontrei muitas crianças com microcefalia em minha cidade que não tiveram esse atendimento, porque não sabem que o serviço é oferecido. As prefeituras precisam divulgar isso. O Cepred está dando muito apoio, a equipe é muito boa e as famílias precisam saber que isso existe", disse o professor, de 35 anos.
Viviane Santos é mãe do pequeno Igor, de 5 meses, que também nasceu com microcefalia. Ela conta que não teve dificuldades para agendar os exames e relata que, além da rotina corrida com visitas a especialistas, o preconceito ainda é grande.
"Eu liguei para o programa Disque Gestante, que presta atendimento a mães de crianças com microcefalia, e consegui agendar os exames. É tudo muito novo. Mudou tudo em nossa vida e nossa rotina, porque a luta é muito grande e ser mãe de uma criança com microcefalia é difícil. O preconceito ainda existe, mas o amor supera tudo: é só o que tenho a dizer”, disse a dona de casa, de 25 anos.
O primeiro dia do mutirão foi no último sábado (5), quando 30 crianças de Salvador foram atendidas. Segundo o balanço do Cepred, todos os bebês tiveram resultados normais, responderam aos estímulos e não apresentaram problemas de audição.
De acordo com a diretora do centro, três deles devem repetir os exames, para que sejam conclusivos.
Qualquer família baiana que não conseguiu agendar atendimento para o mutirão desta semana, deve entrar em contato com a Secretaria de Saúde da cidade onde mora, para agendar qualquer outra data, já que esse tipo de exame faz parte do atendimento convencional do Cepred.