Trabalhador do IBGE: grupo técnico encarregado de encontrar uma solução para manter as divulgações da pesquisa foi formado nesta segunda (Divulgação/IBGE)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2014 às 19h18.
Rio - A ameaça feita por 18 coordenadores e gerentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de uma entrega de cargos coletiva, apresentada em carta enviada ao conselho diretor do órgão na semana passada, foi uma tentativa de abrir um diálogo com a direção, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto e responsável pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o objeto da polêmica.
O grupo técnico encarregado de encontrar uma solução para manter as divulgações da pesquisa foi formado nesta segunda-feira, 14,conforme acordado entre coordenadores e a direção do IBGE em reunião extraordinária convocada na última sexta-feira diante da rebelião dos servidores. Os trabalhos começam já amanhã pela manhã.
O objetivo é assegurar que a próxima divulgação, marcada para 3 de junho, seja mantida. "O resultado do trabalho desse grupo técnico vai sair até lá", afirmou Azeredo. "É um grupo de técnicos que trabalha diretamente com a pesquisa. Logicamente, nós também vamos participar porque hoje somos coordenadores, mas temos um papel técnico também", disse.
A intenção dos coordenadores é fazer com que a decisão sobre os rumos da Pnad Contínua venha do corpo técnico do órgão. "A partir dessas reuniões (do grupo técnico), a ideia é que a decisão venha desse grupo, que vai passar sua avaliação para a direção e a sociedade os caminhos que precisam ser tomados, se há algo a solucionar ou manter como está", afirmou Azeredo.
Quanto à irredutibilidade da presidência do instituto em voltar atrás na decisão de suspender as próximas divulgações da pesquisa, Azeredo disse que não foi o que o conselho diretor acordou na reunião com os coordenadores rebelados na última sexta-feira. "Na reunião com os 18 coordenadores (que assinaram a carta ao conselho em que ameaçavam uma entrega de cargos coletiva), ficou acordada a formação desse grupo técnico e, com base no que ele avaliasse, será definido se será necessário mexer em algo ou não. Temos um trabalho muito grande pela frente, e a gente precisa do apoio da imprensa", declarou.
Segundo o coordenador da pesquisa, a ameaça coletiva de entrega de cargos foi uma medida tomada para abrir um diálogo com a direção do instituto, mas a debandada não está em pauta no momento. "Isso foi num primeiro momento para podermos abrir um diálogo sobre os rumos da pesquisa, cuja decisão pela suspensão foi tomada sem que o corpo técnico fosse consultado", lembrou.
No entanto, Azeredo ressaltou que não existia qualquer suspeição sobre o conselho diretor do IBGE por parte dos coordenadores. Sobre a possibilidade de novos pedidos de exoneração caso a avaliação do corpo técnico não seja aceita pela direção e a suspensão do calendário de divulgação seja mantida, Azeredo responde com cautela, dizendo que é preciso dar um passo de cada vez.
"Vamos trabalhar intensamente na busca de soluções para a manutenção do calendário da Pnad Contínua. É um passo de cada vez. Já conseguimos abrir o diálogo, agora é trabalhar para mostrar à direção que é possível realizar as próximas divulgações da Pnad Contínua e fazer o aperfeiçoamento nas análises sobre rendimentos que forem necessários", ponderou.
Mais cedo, os técnicos da coordenação responsável pela pesquisa divulgaram carta aberta à população em que rejeitavam a necessidade de revisão metodológica da Pnad Contínua. Mas Azeredo disse que os técnicos sabem que será necessário um trabalho de análise da variável rendimento. "Estamos muito otimistas de que vamos conseguir fazer nosso trabalho no sentido de manter o cronograma de divulgação da Pnad Contínua", afirmou.