Lula: naquele ano, o petista concorreu à reeleição e levou a Presidência em 2º turno com 46,6 milhões de votos, superando Geraldo Alckmin (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2017 às 14h23.
Um trecho da delação premiada do executivo Hilberto Mascarenhas, da Odebrecht, aponta para o ex-tesoureiro da campanha de Lula à Presidência em 2006. Segundo o delator, a corrida eleitoral foi ‘uma loucura’ e José de Filippi estava ‘ávido pelo dinheiro’. “Antes do dinheiro chegar, ele já ia buscar.”
Cabia a Fillipi arrecadar doações para a campanha de Lula. Naquele ano, o petista concorreu à reeleição e levou a Presidência em 2º turno com 46,6 milhões de votos, superando Geraldo Alckmin (PSDB).
Hilberto era o chefe do Setor de Operações Estruturadas, o Departamento de Propinas da Odebrecht. Segundo o delator, naquele ano, a área da propina ‘ainda não estava estruturada’ na empreiteira e o Sistema Drousys, a rede de comunicação interna, uma espécie de intranet, dos funcionários deste departamento, ‘não estava funcionando’.
“Foi uma loucura de trabalho para controlar isso tudo”, relatou ao Ministério Público Federal.
“Outubro, né? Foi logo depois que eu entrei . Foi uma loucura. Você tinha eleição para presidente, senador, deputado federal, deputado estadual, governador. Então, era uma loucura. A área não tinha nem experiência, nem estrutura. O caixa era controlado pelo Money. Vocês já ouviram falar do Money? Microsoft.”
Hilberto citou ainda o My Web Day, o ‘manual da propina’ da Odebrecht. Por meio deste software desenvolvido pela empreiteira era possível gerenciar a contabilidade paralela. O My Web Day permitia identificar os tipos de contrato, natureza do serviço, período de vigência, além de outros caminhos.
“Não tinha o My Web implantado. Era uma loucura, era uma loucura”, disse.
O Ministério Público Federal questionou se Hilberto lembrava ‘de quem tratava dessas situações com o sr Benedicto, algum tesoureiro’.
“Eram todos tesoureiros deles, o Fillipi, era o de Lula, né? José Filippi”, afirmou.
A Procuradoria da República perguntou ainda como era feito os repasses de dinheiro para as campanhas.
“É, naquela época, no início, ainda estava definindo lugar para ele buscar. Nesse assunto não tinha preocupação de ele não ir buscar. Ele ia buscar antes do dinheiro estar lá. O cara estava tão ávido pelo dinheiro que antes de o dinheiro chegar, ele já ia buscar. Ele ficava na porta do local, esperando autorização para entrar, para pegar o dinheiro”, revelou.
Defesa
O ex-tesoureiro de Lula na campanha de 2006 não foi localizado. O espaço está aberto para sua manifestação.